O começo da vida segundo os cientistas

           Os cientistas não têm consenso sobre o momento exato em que começa a vida humana. Particularmente sou dos que defendem que a vida humana começa quando o espermatozóide fecunda o óvulo. Mas há cinco hipóteses mais aceitas pela ciência médica. Cada uma delas, listadas pelo biólogo americano Scott Gilbert no livro "Biologia do Desenvolvimento", parte de uma característica considerada essencial à existência dos seres humanos.

           A primeira é a abordagem genética. Para ela, já há vida no momento da fecundação, porque a união do espermatozoide ao óvulo dá origem a uma nova combinação de genes - um DNA inédito.

           "Há vários pontos, inclusive éticos, a considerar, mas eu acredito que a fecundação marca o início da vida", afirma o especialista em reprodução humana Arnaldo Cambiaghi. A maioria das religiões apoia esse conceito.

           A geneticista da USP, Universidade de São Paulo, Lygia Pereira, diz que a definição do novo genoma é "sem dúvida importantíssimo para o início da definição de vida. Mas existem muito mais fatores", afirmando que isso não significa seja o ponto definitivo no conceito de vida.

Depois da

fecundação

            Outro fator é o início da gastrulação – processo de divisão que dá origem aos diferentes órgãos – disso surge uma posição diferente da manifestada por Arnaldo Cambiaghi, que diz ser necessário esperar até essa divisão começar para determinar o início da vida –, a gastrulação começa quando o zigoto instala-se no útero; a partir desse ponto é chamado de embrião. A maior parte dos abortos espontâneos acontece ainda nesse estágio e a mulher sequer percebe a gravidez.

            Um terceiro fator considerado é a atividade neuronal. Como a morte cerebral é interpretada como fim da vida humana, por simetria, o começo da atividade cerebral marcaria o seu princípio. Essa é a opinião da embriologista da USP, Universidade de São Paulo, Irene Yan. "Como indivíduo, o ser humano começa com o desenvolvimento da atividade cerebral", afirmou ela. Boa parte dos cientistas considera que isso ocorre após o primeiro trimestre de gravidez, mas há divergência sobre o momento exato.

           Para Irene Yan, o critério de vida precisa ser adaptado em cada espécie. Ela cita como exemplo os "ouriços do mar não têm cérebro. Precisamos, então, encontrar outros critérios que determinem a formação de nova vida para essa espécie."

           Bem menos difundida, mas também presente é a abordagem ecológica, uma quarta linha de pensamento. Para ela, a vida começa quando o feto já é capaz de sobreviver fora do útero, o que aconteceria normalmente no sétimo mês de gestação. Com o avanço da medicina, no entanto, esse critério fica mais difuso, pois há casos de bebês que sobrevivem nascendo bem antes.

           Um último ponto de vista defende que o feto só existe como vida quando se torna biologicamente independente de sua mãe. No Brasil, esse é o conceito usado para determinar quando o indivíduo passa a ter alguns dos seus direitos constitucionais básicos. Segundo o Código Civil Brasileiro o feto só tem personalidade jurídica depois do nascimento.

 

PELA VIDA CONTINUA