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Lição de vida
– 01 –
Pequenos gestos:
“Faça a sua parte
e Deus fará a parte Dele”
É curioso observar como a vida nos oferece resposta aos mais variados questionamentos do cotidiano...
Vejamos:
A mais longa caminhada só é possível passo a passo. O mais belo livro do mundo foi escrito letra por letra.
Os milênios se sucedem, dia a dia, minuto a minuto, segundo a segundo. As mais fortes e caudalosas cachoeiras se formam de pequenas fontes. A imponência do pinheiro e a beleza do ipê começaram ambas na simplicidade das sementes. Não fossem as gotas não haveria chuvas.
O mais singelo ninho se fez de pequenos gravetos. A mais bela construção não se teria efetuado senão a partir do primeiro tijolo. E as imensas dunas se compõem de minúsculos grãos de areia. Como já refere o adágio popular, nos menores frascos se guardam as melhores fragrâncias dos mais refinados perfumes.
É quase incrível imaginar que apenas sete notas musicais tenham dado vida à "Ave Maria", de Bach, e à "Aleluia", de Hendel. O brilhantismo de Einstein e a ternura de Tereza de Calcutá tiveram que estagiar no período fetal. Nem mesmo Jesus Cristo, expressão supina de Amor, de Justiça e de Misericórdia, dispensou a fragilidade do berço.
Assim também um mundo de paz, de harmonia e sem violência com que tanto sonhamos, só será construído a partir de pequenos gestos de compreensão, solidariedade, respeito, fraternidade, benevolência e perdão, dia a dia.
Nenhum ser humano pode mudar o mundo assim, de chofre. Mas pode ajudar a melhorá-lo com bons exemplos inspirados nas lições proféticas de Deus, e assim mudar uma pequena parcela dele, cada dia. Esta parcela nós chamamos de "Eu".
Não é fácil nem rápido. Mas vale a pena fazer a nossa parte.
Vamos lá!
Não perca a oportunidade que passa diante de si. Recorda do que escreveu a saudosa poetisa potiguar, Auta de Souza:
"Vem e ajuda.
Repara, além das rosas do teu horto,
Onde a luz do teu sonho brilha e mora,
Os romeiros que seguem, vida a fora,
Padecendo aflição e desconforto.
Infortunados náufragos sem porto,
Tristes, rogando a paz de nova aurora,
Levam consigo a dor que clama e chora
Sob as chagas do peito quase morto...
Não te detenhas!... Vem, socorre e ajuda
A multidão que passa, inquieta e muda,
Implorando-te amor, consolo e abrigo!
Reparte o pão que te enriquece a mesa,
Estendendo o teu horto de beleza,
E o Mestre Amado habitará contigo."
"O Senhor vem!
E eis que Ele chega sempre de mansinho.
Haja sol, faça frio ou tempestade;
Veste o manto do Amor e da Verdade,
E percorre o silêncio do caminho.
Vem ao nosso amargoso torvelinho,
Traz às sombras da vida a claridade,
E os próprios sofrimentos da impiedade
São as bênçãos de luz do seu carinho.
Como o sol que dá vida sem alarde,
Vem o Senhor que nunca chega tarde,
E protege a miséria mais sombria.
Ele chega. E o amor se perpetua...
É por isso que o homem continua
Ressurgindo da treva a cada dia."
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Lição de vida
– 02–
O espanto de um
confortador imprevisto
“Deixo-vos a paz, minha paz vos deixo, minha paz vos dou; não vos dou a paz do mundo, vos dou a Paz de Deus que o mundo não vos pode dar. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. (João 14: 27).
O acontecido é real, os nomes fictícios. Observe como é urgente em todo o mundo vivermos uma Cultura de Paz, um clima de entendimento fraterno. Pego como exemplo uma notícia veiculada em novembro de 2010 pelo iG Esporte, Rio de Janeiro, em que o jornalista Mário Pires escreveu:
“(...) Após participar normalmente de um treino tático comandado pelo técnico do tricolor carioca, Maurício Rafael, na quarta-feira à tarde {24.11.2010}, nas Laranjeiras, o meia do Fluminense, Derblay lanchava tranquilamente entre sócios e torcedores no tradicional bar do Fidélis quando uma pessoa o interpelou como se fosse um nutricionista, reclamando que o jogador não deveria comer um salgado após a atividade física.
“Incrédulo, Derblay pediu em vão que o torcedor o respeitasse e se retirasse. O rapaz insistiu e o que parecia mais uma cena cômica (...), quase se transforma em confusão (...).
“Depois de se apresentar como médico e afirmar que era sócio do clube, o rapaz arrancou gargalhadas das pessoas que estavam por perto ao pronunciar a seguinte frase. ‘Eu não o incomodei, apenas disse: seu jogador, você não deveria estar comendo um salgado gorduroso após o treino. Isso não vai lhe fazer bem. Nada além disso’, disse o torcedor.
“Derblay apenas olhou para trás, balançou a cabeça negativamente como quem não acreditava na cena que acabara de ver e retrucou antes de ir embora. ‘Que maluco!’.”
O lado moral-espiritual desse fato me fez meditar. Quem está preparado para reconhecer no outro, principalmente num estranho às amizades, o semelhante realmente preocupado com o bem-estar do próximo? (... O rapaz arrancou gargalhadas das pessoas que estavam por perto...)
Sempre nos causa espanto quando somos surpreendidos por um confortador imprevisto (‘Que maluco!’), quando, radioso, emerge de onde não esperávamos, vindo de onde não prevíamos, liberto da obscuridade e do estigma do medo a nos avisar fraternalmente como um fã: “Cuidado menino! cuidado menina! Você vai ficar doente desse jeito; vai dar de cara com os equívocos e se ferir muito”.
Alguém argumenta: “Tem gente doida por aí. Quem garante que o sujeito não é um passional e estava com más intenções?”
Pode ser que sim. Entretanto a lição de Jesus Cristo é clara: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudente como as serpentes e inofensivo como as pombas” (Mateus 10:16). Prudente para não ser arruinado pelo mau, inofensivo para não ofender a Justiça do Deus da Salvação.
“(...) Mas se o ser humano até agora não compreende Deus ou o vê de forma equivocada, como um ser truculento, é porque, na verdade, ainda não O sente. Assombra-se com as ações do Seu Amor, pois nem sempre as entende, porque o Seu Amor também é Justiça” (Livro As Profecias sem mistério, de Paiva Netto, 84ª ed., capítulo: Apocalipse – Razão e Coração; subtítulo: Deus, Amor e Justiça; editora Elevação).
Revendo ainda outra importante passagem do Evangelho de Jesus: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação; na verdade, o Espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26: 41), entendo que é muito valioso esse despertar das pessoas; ninguém precisa ser pego de surpresa, como bem coloca o escritor Paiva Netto em seu livro:
"Improvável, como pareça aos analistas do caos contemporâneo, o último livro da Biblia Sagrada, por vezes tão temido, por vezes ignorado, traz em si um roteiro ético, sociológico, econômico, político, capaz de abrir os olhos da Humanidade para a construção de dias melhores.
"O sentido moral (não me refiro a moralismos) tem de ser preponderante, porque os dramas interiores, apesar de todo o avanço tecnológico, prosseguem torturando o homem moderno.
“Alziro Abraão, na época um jovem de 17 anos, concluiu com perspicácia: Realmente, o Homem, apesar do extraordinário avanço tecnológico, não está evoluindo como deveria; na verdade, só está andando mais depressa, sem saber, com certeza, ainda, para onde vai. Por esse motivo, o mundo continua sendo um grande quebra-cabeças.
“(...) Sim, porque o Homem faz muita questão de ser “racional. Por isso, às vezes, demora a entender toda a Programação Divina para o desenvolvimento das gentes, porque não leva na consideração devida a Lei do Amor, isto é, a Lei da Solidariedade Social.
"Eis que o Amor é o espanto de Deus para algumas criaturas. É a surpresa benéfica, que não se espera num Planeta permanentemente atribulado. Há previsões – como a de Dom Bosco, o fundador da Ordem Salesiana – anunciando que, quando os fatos criados pelas ações humanas chegarem ao paroxismo dos desatinos, o Poder Divino se manifestará por intermédio de uma solução que ninguém jamais imaginaria.
“(...) O Apocalipse {Revelação de Jesus Cristo} – é uma carta de Amigo que apenas deseja o bem do destinatário, escrita com providencial antecedência aos dramas que a Humanidade teria de enfrentar, pelos milênios, em virtude da desarmonia criada por si mesma para com as leis universais eternas – é a expressão mais elevada da Fraternidade.
"E é por esse prisma que o texto profético deve ser analisado e compreendido por todas as pessoas que desejam o triunfo do Bem na Terra.”
Pesquisa:
(1) Bíblia Sagrada, Novo Testamento: Mt 10:16, Mt 26:41 e Jo 14:27.
(2) As Profecias Sem Mistério, Paiva Netto, 84ª Ed., Editoria
Elevação: www.editoraelevacao.com.br, Clube Cultura de
Paz: 0300 1007 940 – www.clubeculturadepaz.com.br.
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Lição de vida
– 03 –
O aprendizado de
Judas Iscariotes
"Não obstante amoroso, Judas era, muita vez, estouvado e inquieto. Apaixonara-se pelos ideais do Messias, e, embora esposasse os novos princípios, em muitas ocasiões surpreendia-se em choque contra ele. Sentia-se dono da Boa Nova e, pelo desvairado apego a JESUS, quase sempre Lhe tomava a dianteira nas deliberações importantes.
"Foi assim que organizou a primeira bolsa de fundos da comunhão apostólica e, obediente aos mesmos impulsos, julgou servir à grande causa que abraçara, aceitando a perigosa cilada que redundou na prisão do Mestre.
"Apesar dos estudos renovadores a que sinceramente se entregara, preso aos conflitos íntimos que lhe caracterizavam o modo de ser, ignorava o processo de conquistar simpatias.
"Trazia constantemente nos lábios uma referência amarga, um conceito infeliz.
"Quando Levi se reportava a alguns funcionários de Herodes, simpáticos ao Evangelho, dizia, mordaz:
"– São víboras disfarçadas. Sugam o erário público, bajulam sacerdotes e deixam-se pisar pelo romano dominador... A meu parecer, não passam de espiões...
"O companheiro ouvia tais afirmativas, com natural desencanto, e os novos colaboradores seus se distanciavam, menos entusiasmados.
"Generosa amiga de Joana de Cusa ofereceu, certo dia, os recursos precisos para a caminhada do grupo, de Cafarnaum a Jerusalém. Porém, recebendo a importância, o apóstolo irrefletido alegou, ingratamente:
"– Guardo a oferta; contudo, não me deixo escarnecer. A doadora pretende comprar o Reino dos Céus, depois de haver gozado todos os prazeres do reino da Terra. Saibam todos que este é um dinheiro impuro, nascido da iniqüidade.
"Estas palavras, pronunciadas diante da benfeitora, trouxeram-lhe indefinível amargura.
"Em Cesaréia, heróica mulher de um paralítico, sentindo-se banhada pelos clarões do Evangelho, abriu as portas do reduto doméstico aos desamparados da sorte. Órfãos e doentes buscaram-lhe o acolhimento fraternal. O discípulo atrabiliário, no entanto, não se esquivou à maledicência:
"– E o passado dela? - clamou cruelmente - o marido enfermou desgostoso pelos quadros tristes que foi constrangido a presenciar. Francamente, não lhe aceito a conversão. Certo, desenvolve piedade fictícia para aliciar grandes lucros.
"A senhora, duramente atingida pelas descaridosas insinuações, paralisou a benemerência iniciante, com enorme prejuízo para os filhos do infortúnio.
"Quando o próprio Messias abençoou Zaqueu e os seus serviços, exclamou Judas, indignado, às ocultas:
"– Este publicano pagará mais tarde. Escorcha os semelhantes, rodeia-se de escravos, exerce avareza sórdida e ainda pretende o Reino Divino!... Não irá longe... Enganará o Mestre, não a mim...
"Alimentando tais disposições, sofria a desconfiança de muitos. De quando em quando, via-se repelido delicadamente.
"JESUS que em silêncio lhe seguia as atitudes aconselhava prudência, amor e tolerância. Mal terminava, porém, as observações carinhosas, chegava Simão Pedro, por exemplo, explicando que Jeroboão, fariseu simpatizante da Boa Nova, parecia inclinado a ajudar o Evangelho nascente.
"– Jeroboão? - advertia Judas, sarcástico - aquilo é uma raposa de unhas afiadas. Mero fingimento! Conheço-o há vinte anos. Não sabe senão explorar o próximo e amontoar dinheiro. Houve tempo em que chegou a esbordoar o próprio pai, porque o infeliz lhe desviou meia pipa de vinho!(...)
"A verdade, porém, é que as circunstâncias, pouco a pouco, obrigaram-no a insular-se. Os próprios companheiros andavam arredios. Ninguém lhe aprovava as acusações impulsivas e as lamentações sem propósito. Apenas o CRISTO não perdia a paciência. Gastava longas horas, encorajando-o e esclarecendo-o afetuosamente...
"Numa tarde quente e seca, viajavam ambos, nos arredores de Nazaré, cansados da jornada comprida, quando o filho de Kerioth indagou, compungido:
"– Senhor, por que motivos sofro tão pesadas humilhações? Noto que os próprios companheiros se afastam, cautelosos, de mim... Não consigo fazer relações duradouras. Há como que forçada separação entre meu Espírito e os demais... Sou incompreendido e vergastado pelo destino...
"E levantando os olhos tristes para o Divino Amigo, repetia:
"– Por quê!?
"JESUS ia responder condoído, observando que a voz do discípulo tinha lágrimas que não chegavam a cair, quando se acercaram, subitamente, de poço humilde, onde costumavam aliviar a sede. Judas que esperava ansioso aquela bênção inclinou-se, impulsivo, e, mergulhando as mãos ávidas no líquido cristalino, tocou inadvertidamente o fundo, trazendo largas placas de lodo à tona.
"– Oh! Oh! que infelicidade! - gritou, em desespero.
"O Mestre bondoso sorriu calmamente e falou:
"– Neste poço singelo, Judas, tens a lição que desejas. Quando quiseres água pura, retira-a com cuidado e reconhecimento. Não há necessidade de alvoroçar a lama do fundo ou das margens. Quando tiveres sede de ternura e de amor, faze o mesmo com teus amigos. Recebe-lhes a cooperação afetuosa sem cogitar do mal, a fim de que não percas o bem supremo.
"Pesado silêncio caiu entre o benfeitor e o tutelado.
"O apóstolo invigilante modificou a expressão do olhar, mas não respondeu."
Este é o trabalho que não devemos fazer.
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Lição de vida
– 04 –
O TODO foi criado
e é sustentado pelo AMOR
*Evangelho de Jesus segundo São João 13: 34
e 35; 15: 12 a 17 e 9º + 1ª João 4: 7 a 9.
É comum a gente dizer que é um “mistério” tudo aquilo que de pronto não compreendemos ou evitamos entender. E com relação ao Amor? Tem gente que se espanta quando descobre que tudo o que existe foi criado e se sustenta pelo Amor. É uma verdade que precisamos aceitar e exemplificar por toda a Vida.
De fato, quem ama conquista o poder de tudo sublimar, e até mesmo de construir e governar mundos, a começar por si mesmo, e humanidades siderais como o próprio Criador o faz e tão bem. Você sabia?
O Amor é o único sentimento capaz de sustentar firme uma pessoa no enfrentamento dos problemas cotidianos. Você ainda duvida? Não deveria.
Investigue, comprove, aprenda, exemplifique. Deixe que a vida flua naturalmente em você, vai te ajudar no entendimento disso. Quando compreender essa verdade, certamente você dirá: “Ah, não tem comparação”.
Mas é possível amar e ainda assim não descobrir o Amor?* A resposta a essa pergunta encontra-de nesta página publicada pelo jornalista e escritor José de Paiva Netto: “O Amor é Deus. É o elo perdido que o ser humano busca na imensidão do estudo científico, que, para mais rapidamente progredir no âmbito social, tem de irmanar-se à Fé sem fanatismos a fim de encontrar esse elo.
O Amor é o grande campeão das mais difíceis batalhas. Está presente quando o desassistido, ou o ser amado, precisa do seu socorro. O Amor não pede para si mesmo. O Amor oferece o auxílio que o desamparado suplica. O Amor, com discrição, atende até ao apelo não abertamente expresso.
O Amor não tira vantagem, conquista lealdade e reconhecimento. O Amor não deserta, socorre sempre. Nunca traz destruição, propicia a Paz. O Amor não adoece, se renova para recuperar o enfermo do corpo ou da Alma. Não promove a fome, traz o alimento.
O Amor instrui e liberta, porquanto reeduca e espiritualiza. O Amor não constrange, porque confia. Quando sinônimo de Deus o Amor é o enlevo da existência, pois afasta o temor do nosso coração. O Amor, quando é ele mesmo, sempre triunfa, porque não coage; é igualmente Justiça, o Elo Achado. No Tribunal Celeste vigora o Amor, todavia não existe impunidade.
Veja quem tem olhos de ver, leia e ouça quem tem ouvidos de ouvir: a suprema redenção exige do ser humano reabilitado pelo Amor Divino a devida correspondência em atitudes práticas em favor de si próprio(a) e de seus semelhantes. De outra forma não seria o Amor, mas a glorificação do mistério, da dor, da tapiação e da impunidade”.
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Lição de vida
– 05 –
Delinquentes dentro
da própria casa
Hilário conta que abastado fazendeiro do Estado do Rio de Janeiro, vinha do sítio a cidade a fim de entender-se com o Juiz da Vara da Infância e da Juventude sobre o comportamento reprovável de um filho… O jovem de 14 anos fizera-se malfeitor.
A princípio subtraia valores em casa, em seguida passou a escandalizar parentes… Supunham-lhe enfermo. Levado ao facultativo recebeu conselho e medicação, ainda assim não se emendou… A pequena ‘mão leve’ preocupava. Por último era apontado como sendo o autor do desaparecimento de grande soma em dinheiro de residência vizinha.
O pai, aflito, marcara encontro com a autoridade e, de passagem por Nilópolis-RJ parou num posto de gasolina. Um companheiro o reconheceu: abraços, recordações, lembranças, e de imediato a roda de amigos estava feita. Assunto vai, assunto vem, e a conversa prosseguia…
José Luiz do Espírito Santo, ferroviário, humilde, abnegado, estava no círculo da conversação. Ouve a todos com discrição, e de quando em quando atende a esse ou a aquele necessitado:
Aqui é um coração materno a rogar auxílio; ali um velhinho a pedir café; acolá um doente que lhe apresenta um semblante triste; essa ou aquela criança tentando o amparo. O dinheiro é pouco, mas José Luiz saca do bolso sem exauri-lo. Para cada um tem o auxílio como resposta.
A certa altura o fazendeiro itinerante observa e dá o seu conselho: “Meu amigo, eu tenho muita simpatia pela Caridade, mas creio que o exagero é um abuso. Ajudar a torto e a direito é criar vadios”.
O ferroviário esboçou um gesto de quem fora surpreendido em falta, e justificou-se: “Dou coisa alguma, doutor! Um homem como eu conta apenas migalhas. De fato o senhor tem razão, é possível que a gente ajudando, possa aqui e ali ver surgir vadios. Mas sempre noto que gente acumulando muitos bens sem proveito, faz também os ladrões.”
E sem saber José Luiz do Espírito Santo tocava fundo na chaga do fazendeiro. E, completou assim: “(…) Às vezes fazemos ladrões dentro da própria casa”.
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Lição de vida
– 06 –
Porta
aberta ao afeto
Foi em uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul que essa história se passou. Uma adolescente fugiu de casa para viver "sua" liberdade, mas logo caiu na realidade da vida. Sem dinheiro para se manter e sem coragem de voltar para casa, acabou por entrar no mundo da prostituição.
Os anos se passaram, mas, apesar da saudade dos pais, ela nunca mais tentou qualquer contato com eles. Seus pais sempre a procuraram, em vão, porém, desde a morte do seu pai (que ela nem ficou sabendo), sua mãe intensificou as buscas, deixando um cartaz de: "Procura-se", em qualquer lugar onde lhe permitissem.
Nesse cartaz a mãe havia colocado sua própria foto, escrito embaixo: "Eu ainda amo você. Volte para casa".
Os meses se passaram sem qualquer notícia, até que um dia, numa fila de sopa para pessoas carentes, a moça viu a foto da sua mãe, que apesar de ter envelhecido bastante, ainda conservava o mesmo olhar que ela guardava em suas lembranças.
Não pode conter a emoção e, naquele dia mesmo, voltou para casa. Era tarde da noite quando chegou. Tímida, ela se aproximou da porta. Ia bater, mas ela se abriu sozinha.
Entrou assustada, apavorada com a idéia de que algum ladrão tivesse invadido a casa e "sabe lá Deus o quê" poderia ter feito.
Correu para o quarto e viu sua mãe dormindo. Acordou-a. Ambas choraram muito. Abraçaram-se. Reconciliaram-se.
Lembrando-se da porta aberta, a moça disse:
– Poxa, mãe, levei um susto tão grande quando cheguei.
– Por que, minha filha?
– É que a porta da frente estava destrancada, aberta e eu pensei que algum ladrão tivesse invadido a casa. Você precisa tomar mais cuidado, mãe. Não pode mais esquecer a porta aberta.
– Não, meu amor, você não está entendendo. Eu não esqueci a porta aberta. Desde o dia em que você foi embora, esta porta nunca mais foi fechada.
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Lição de vida
– 07 –
Um domingo
nunca é igual ao outro
Mamãe estava muito concentrada fazendo o almoço de domingo, quando papai convidou-me para ir com ele comprar guaraná. Saímos com duas sacolas cheias de vasilhames – era o ano de 1981. Eu estava ficando animado, pois chegávamos perto do bar. Mas para minha surpresa, ele passou direto, sem parar, parecendo não ter visto o estabelecimento.
Então perguntei: - Papai, você não vai comprar aqui?
E ele respondeu: - Vamos mais adiante, filho.
Seguimos mais alguns metros e chegamos perto da padaria, que fica bem em frente a adega. Fiquei intrigado quando tranqüilamente ele seguiu em frente como se não tivesse visto nem uma nem outra.
Tornei a perguntar: - Pai, nós não vamos pegar os refrigerantes aqui?
Pacientemente, respondeu-me: - Só mais um pouquinho e nós vamos chegar ao mercado.
Confesso que estava ficando chateado e bravo, pois tínhamos passado por três lugares diferentes que vendiam guaraná e o meu pai quis andar mais só para comprá-los ali.
Ao entrarmos no mercadinho, Sr. Silva nos deu um sorriso muito gostoso e espontâneo. A primeira coisa que perguntou foi se a mamãe havia melhorado do resfriado.
Prestativamente foi pegando nossas sacolas e colocando nelas os refrigerantes. Meu pai quis saber notícias da mulher dele, dona Maria. Foi informado de que ela estava arrumando a casa e preparando o almoço, pois o domingo era o único dia da semana em que não trabalhavam o dia todo. Os dois conversaram mais um pouco e então pude observar a amizade e o carinho que respeitosamente tinham um pelo outro.
Ao despedirem-se, Sr. Silva fez um gesto carinhoso na minha cabeça, olhou-me com ternura e comentou com meu pai: - Como está bonito este garoto! Você deve ter muito orgulho dele!
Saímos do mercadinho e voltamos para casa. No caminho comecei a pensar e responder no lugar do meu pai à pergunta que eu mesmo havia lhe feito enquanto íamos. O preço daqueles refrigerantes era mais ou menos igual em qualquer um dos lugares, só que ali, naquele mercadinho, tanto eu quanto meu pai sentimo-nos reconhecidos como seres humanos, pessoas merecedoras de atenção.
Naquele domingo aprendi uma lição especial: Igual em conteúdo, em rótulo e em tampinha só mesmo os vasilhames com guaraná. Mas os fregueses nunca são iguais pela atenção que merecem receber.
Lembrei-me do estudo ecumênico da Palavra de Deus durante a Reunião do Novo Mandamento de Jesus no Lar que todo sábado à noite é conduzida por meus pais, na companhia dos meus irmãos, parentes e amigos próximos, e a lição que ficou foi esta: A ninguém devais coisa alguma, senão o amor [a fraternidade, o respeito, a urbanidade] recíproco. Palavras de Paulo Apóstolo em carta aos Romanos, capítulo 13, versículo 8.
Então eu percebi que sou reconhecido quando reconheço meus semelhantes e lhes devoto sincera atenção, principalmente se eu fizer a mesma coisa com as outras pessoas. Eu me senti muito bem naquele dia.
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Lição de vida
– 08 –
Um conselho de amigo,
um sentido espiritual das coisas.
Seu mundo intelectual se enriquece rapidamente e de muitas maneiras ao longo da vida. São as oportunidades experimentadas e bem aproveitadas. Agora começa um período em que você terá de traduzir o que aprendeu em atos simples, sensatos e concretos no dia-a-dia.
As teorizações que o distraiam do mundo cinzento pelos miasmas serão postas a baixo pelo sentimento pratico, pela prova dos nove da realidade mais do que circunstante, pela mais comezinha noção de interesse próprio que repercute no coletivo familiar, social e profissional. Ai sim verá até onde você pode mesmo ir.
Mudanças reais nascem exatamente disso, da capacidade que nós manifestamos eticamente, de sermos bom exemplo para aqueles que comungam conosco dos mesmos objetivos ou ideais.
O sentido é basicamente espiritual, mas com séria repercussão no campo material e obriga você a encarar os fatos como eles têm sido no campo objetivo. Princípios, noções, ideais, educação com espiritualidade ecumênica; não lhe falta capacidade para a necessária transformação de um mundo velho para outro bem melhor. Encare a inconsistência de algumas posturas como origem de perdas e erros.
E assim, perdoando-se e agindo com os pés firmes no chão e o pensamento focado na espiritualidade superior, “busque primeiramente o reino de Deus, e sua justiça, para que todas estas coisas vos sejam acrescentadas” (Mateus, 6:33).
Você receberá dos céus mais elevados os raios poderosos de encanto, proteção e atração, de auto-estima mesmo, porque conseguiu algo até então difícil, provas de admiração, afeto e bem querer dos semelhantes, sem que para isso precisasse negar sua fé e devoção sincera a Deus.
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Lição de vida
– 09 –
A terapia do trabalho
Meu Amigo, Minha Amiga, se você procura uma solução adequada ao seu problema, não esqueça o grande remédio do trabalho, doador de recursos infinitos em favor do progresso do homem e de toda humanidade.
Seu cérebro vive cheio de perguntas? Trabalhe! E o serviço lhe dará respostas exatas e perfeitas.
Suas mãos permanecem paralisadas pelo desânimo? Insista no trabalho e o movimento voltará.
E os seus braços jazem fatigados? Confie-se ainda ao esforço novamente. Ação simboliza para eles o lubrificante divino.
Seu coração vive triste sem luz? Procure agir no bem incessante, que a alegria será o seu sublime salário.
Seus ideais encontraram sombra, gelo, no grande caminho do mundo? Dê o seu concurso às Boas Obras sem desfalecer, claridades novas brilharão no céu do seu pensamento.
Parada que não signifique descanso construtivo para recomeçar atividades úteis, é alguma coisa semelhante à morte. Todos os males da retaguarda podem surpreender aquele que não avança.
Mas se você acredita no poder do trabalho, aceitando o serviço aos semelhantes por norma de viver em paz na obediência a Deus, sua Alma terá penetrado realmente o caminho da salvação.
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Lição de vida
– 10 –
Ouça seus filhos, sempre!
– A vida é como bolas de plástico –
Estava preocupado com a minha querida filha. Miriam estava entrando na adolescência e passava por uma daquelas fases em que qualquer problema, por menor que seja, parece uma tragédia.
Nos últimos tempos, andava cabisbaixa porque uma de suas "melhores amigas" resolvera implicar com suas roupas e debochar de tudo que ela dizia.
Queria encontrar uma forma de ensinar a Miriam que a vida é cheia de altos e baixos e que precisamos enfrentar as adversidades de cabeça erguida, sem deixar que afetem nossa auto-estima. Mas fazer com que ela compreendesse isso não seria uma tarefa fácil.
Como a maioria das meninas da sua idade, Miriam achava que os pais viviam em outro mundo e não entendiam seus problemas. Sempre soube que os maus hábitos educativos dos pais como os maus costumes permitidos aos filhos, não são fáceis de superar.
- Minha vida é uma droga. Ninguém se importa comigo e às vezes penso que ninguém ligaria se eu não estivesse mais aqui – ela respondeu uma noite, quando tentei conversar com ela sobre a melhor maneira de lidar com as críticas da amiga.
- Eu e sua mãe nos importamos. Você é uma garota fabulosa – disse, preocupado, dando-lhe um beijo de boa-noite.
Antes de dormir, conversei com minha mulher, Nancí, sobre o que podíamos fazer para ajudar Miriam. Pensamos numa boa estratégia. No dia seguinte, durante o jantar com Miriam e o caçula, Mateus, minha mulher comentou acerca de uma pregação que o sacerdote de nossa igreja tinha feito há alguns dias. Ele tinha comparado os problemas com uma bola de plástico, daquelas bem leves que as crianças gostam de jogar na praia.
O pregador pediu que imaginássemos que estávamos no fundo de uma piscina e tentávamos manter a bola entre as pernas, sob a água. Isso era fácil por algum tempo, mas depois só havia duas possibilidades. Ou você ficava tão cansada que deixava a bola escapar e pipocar na superfície ou – que é pior – ficava tão exausta em tentar mantê-la submersa, que acabaria se afogando.
A mensagem do sacerdote era clara: não adianta tentar esconder os problemas a qualquer custo. Mesmo usando toda nossa força e determinação, em algum momento eles virão à tona e lutar contra isso pode arruinar nossa vida.
Por outro lado, se orarmos sempre, pedindo a Deus, a Jesus Cristo, e ao nosso Anjo da Guarda intuição e força para os desafios de cada dia, ao observar mentiras, mágoas, dúvidas e medos à luz do dia, temos muito mais chances de superar os obstáculos e perceber que não eram assim tão importantes.
Depois que Nancí contou a história, pude ver que as crianças estavam procurando entender o que aquilo tinha a ver com elas. Expliquei que, às vezes, todos nós temos nossas "bolas de plástico", que tentamos esconder. Pedi que, a partir de então, sempre que elas tivessem dificuldade em nos contar um problema, deveriam simplesmente dizer: "Mamãe, papai, tenho uma bola de plástico."
Nancí e eu prometemos que a única coisa que faríamos por vinte e quatro horas seria ouvir. Nada de gritos, julgamentos, conselhos: apenas ouvir. Depois de vinte e quatro horas, poderíamos tentar lhes ajudar a sair do problema. O fundamental era que soubessem que sempre estaríamos por perto e prontos para ouvir, dispostos a ajudar, independente da gravidade da situação.
Através dos anos, elas nos apresentaram muitas "bolas de plástico", geralmente tarde da noite. Algumas eram mais sérias que outras. Algumas até engraçadas e procurávamos não rir quando nos contavam. Outras jamais chegaram aos nossos ouvidos, mas foram divididas com amigos íntimos da família.
Sempre nos submetemos à regra das vinte e quatro horas. Nunca voltamos atrás em nossas promessas, não importando o quanto queríamos reagir ao que contavam.
Os dois agora são adultos. Tenho certeza de que ainda têm "bolas de plástico" de vez em quando. Todos temos. Mas sabem que estaremos por perto para ouvi-los.
Afinal, o que é uma bola de plástico? Um desafio ao fortalecimento de nossas fibras mais íntimas. Algo que desaparece quando você a solta ao vento.
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Lição de vida
– 11 –
Ajudando os outros,
seremos ajudados.
A reencarnação é instrumento de Justiça e de Misericórdia, porque é Lei de Deus, que possibilita às almas das pessoas o rodízio indispensável nas condições diversas da vida humana, para que os espíritos experimentem todos os tipos de aprendizado e se tornem moralmente perfeitos aos olhos do seu Criador e Pai.
Contudo, entendemos com mais segurança e nos predispomos a auxiliar com mais presteza o próximo, quando já passamos pelas mesmas dificuldades que o atormentam.
Veja o caso de entes queridos surpreendidos em graves provações, em acidentes que por vezes ceifam vidas. Até os mais céticos, os mais insensíveis no campo da manifestação pública, caem de joelhos em preces suplicando por aquele que sofre dura provação.
E assim sucede em toda a parte do mundo ao ser humano incréu ou fanático. Somente desperta, quando sua incredulidade é infalivelmente surpreendida pela benfeitora dor, a ceifar suas mais caras afeições.
Meu amigo, minha irmã, o Pai Celestial, que é Deus, não é peça de ficção esculpida pelo imperfeito ser humano. O Senhor é o autor do todo e de tudo, e exige de cada um dos seus filhos objetividade nos esforços que desprendem, pois os planos de levantamento do caminho que buscamos, pode tornar-se pueril e totalmente superado se a criatura não se dispuser a, de boa vontade, colocar proveito e serviço no entendimento integral da Palavra de Deus acima de raciocínios, sofismas, contendas e conversas.
Bendigamos, assim, a provação que a Terra nos apresente, porque apenas as duras experiências vividas nos ensinam a ajudar aos nossos irmãos, mesmo que desconhecidos ou anônimos para nós, em duras experiências.
Lembra-te das palavras sábias da Prece de São Francisco de Assis: “(...) porque é dando que recebemos; perdoando é que somos perdoados; e morrendo é que nascemos para a Vida eterna”.
É da Lei de Deus, portanto, que ajudando os outros, que seremos ajudados.
Título: A dor robustece a existência humana
Livro: Bem-aventurados os simples
Autor: Valérium (Espírito)
Psicografia: Waldo Vieira
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Lição de vida
– 12 –
Trabalha com seriedade
e confia em Deus
Um homem estava melhor dos pulmões no Hospital Serrano em que se tratava. Abriu um jornal. Mas uma notícia do periódico era de estarrecer. O chefe da grande empresa, a que ele servia, seguira para a Europa e o diário mencionava esta frase terrível, no corpo da notícia:
– “Antes de viajar, o diretor da organização despediu todos os empregados”.
O enfermo suou frio.
– E agora, meu Deus!? Sem trabalho... Desamparado...
Chorou, lamentou-se, buscou o leito em falência. Alarmou o hospital todo. Médicos preocupados observaram-lhe a piora do quadro clínico. Extremamente febril, por mostrar-se em condições gravíssimas, foi transferido para a UTI da casa de saúde. Depois de quatro dias, com o quadro clínico estabilizado, os médicos deliberaram dar-lhe alta. Foi restituído ao lar, partindo do hospital em ambulância, por mostrar condições estáveis.
Só então, em casa, veio a saber que tudo corria bem e que ele fora até mesmo contemplado com alta gratificação, para tratamento. Apenas havia ocorrido um engano de imprensa. A revisão do jornal cochilara, porquanto a frase era outra:
– “Antes de viajar, o diretor da organização despediu-se de todos os empregados.”
Meu amigo conserve o espírito sempre sereno, trabalha com seriedade e confia na infalível Justiça de Deus. Ensina Jesus Cristo, o grande Amigo da humanidade:
“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Eu sou o caminho, a verdade e a vida (...). Não vos deixarei órfãos (...). Deixo-vos a paz; a minha paz vos deixo, a minha paz vos dou; eu não vos dou a paz do mundo, eu vos dou a paz de Deus que o mundo não vos pode dar. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João, 14: 1–27).
“Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã cuidará de si mesmo. A cada dia já basta o seu mal” (Mateus, 6:34).
Título: Provações de amanhã
Livro: Bem-aventurados os simples
Autoria: Valérium (Espírito)
Psicografia: Waldo Vieira
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Lição de vida
– 13 –
Para o melhor amigo,
o melhor pedaço.
Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiél escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado. Serapião não pedia dinheiro, aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo ou um almoço feito com sobras de comida dos mais abastados.
Quando suas roupas estavam emprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa, mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras. Serapião era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, a família, os amigos e até a identidade.
Não tomava bebida alcoólica, estava sempre tranquilo, mesmo quando não havia recebido nem um pouco de comida. Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, alguém lhe estendia uma porção de alimentos.
Serapião agradecia com reverência e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava. Como nesta assertiva de Salomão: “Em todo o tempo ama o amigo, pois na hora da angústia terás um irmão. O homem de muitos amigos deve mostrar-se fraterno, mas há sempre um amigo mais chegado do que um irmão” (Provérbios, 17:17; 18:24).
Tudo o que ganhava, dava primeiro para o Malhado, que, paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco. Não tinham onde dormir; onde anoiteciam, lá dormiam. Quando chovia, procuravam abrigo embaixo de uma ponte e, ali o mendigo ficava a meditar, meditar, meditar, com um olhar perdido no horizonte. Aquela figura me deixava sempre pensativo, pois eu não entendia aquela vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor.
Certo dia me veio à lembrança esta lição de Jesus Cristo, constante do seu Evangelho segundo Lucas, capítulo 16, versículo 9º: “Eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos”. Então com a desculpa de lhe oferecer algumas bananas, fui bater um papo com o velho Serapião.
Iniciei a conversa falando do Malhado, perguntei pela idade do bicho, o que Serapião, não sabia. Dizia não ter idéia, “pois se encontraram certo dia quando ambos andavam pelas ruas”, e falou:
“Nossa amizade começou com um pedaço de pão. Ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço; e ele agradeceu, abanando o rabo. Daí, não me largou mais. Ele me ajuda muito e eu retribuo essa ajuda sempre que posso”.
Curioso, perguntei: –– Como vocês se ajudam?
“Ele me vigia quando estou dormindo; ninguém pode chegar perto, quando ele late e ataca. Também quando ele dorme, eu fico vigiando para que outros cachorros não o incomodem”.
Continuando a conversa, perguntei: –– Serapião, o que te levou às ruas, assim, à mendicância?
“Dois grandes amores”, respondeu.
–– Você fala de desilusão?
“Não, pelo contrário. Sempre era correspondido. Onde estiverem agora, em algum lugar no céu, minha mulher e minha filha jamais as esqueço".
–– Mas você tem algum desejo na vida?
“Sim”, – respondeu ele, como se desejasse mudar totalmente o rumo da conversa – “tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que a Zezé vende ali na esquina”.
–– Só isso? Indaguei
“É, no momento é só isso que eu desejo”.
–– Pois bem, vou satisfazer agora esse grande desejo.
Saí e comprei um cachorro quente para o mendigo. Voltei e lhe entreguei. Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos. Não entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço. Não me contive e perguntei, intrigado:
–– Por que você deu para o Malhado, logo a salsicha? Ele com a boca cheia respondeu: “Para o melhor amigo, o melhor pedaço”. E continuou comendo, alegre e satisfeito.
Despedi-me do Serapião, passei a mão na cabeça do Malhado e sai pensando... Aprendi como é bom ter amigos. Pessoas em que possamos confiar.
“Ora, a amizade que o mendigo Serapião tem é por um cão, não por uma pessoa em especial”, dirá você.
Sim, isto é verdade e me faz lembrar estas palavras: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual vê, como pode amar a Deus, a quem não vê? Dele temos este mandamento: quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (I João, 4:20, 21).
Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal. Jamais esqueci aquele momento de sabedoria daquele pobre eremita: “Para o melhor amigo, o melhor pedaço”.
Título: Para o melhor amigo o melhor pedaço.
Página de: Innocêncio de Jesus Viégas.
Função: Escritor e membro da Academia Maçônica de Letras.
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Lição de vida
– 14 –
Salvos por um copo
com leite e biscoitos
Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos, estava com muita fome e só lhe restava uma pequena moeda de Um Real no bolso.
Decidiu, então, que ao invés de tentar vender, iria pedir comida na próxima casa; porém seus nervos o traíram quando uma encantadora jovem lhe abriu a porta.
Em vez de comida, pediu um copo d’água. Júlia – o nome da jovem era esse – percebeu que ele estava com fome e lhe deu um grande copo com leite e algumas bolachas. Ele bebeu e comeu devagar e depois lhe perguntou:
– Quanto lhe devo?
– Não me deve nada – respondeu ela. E continuou: – Minha mãe sempre nos ensinou a ajudar as pessoas.
– Pois te agradeço todo coração, a você e à sua mãe.
Anos mais tarde, essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos locais que cuidavam dela estavam confusos. Finalmente a transferiram para outro hospital melhor equipado, de uma cidade grande, para se tratar.
O médico de plantão naquele dia era o Dr. José da Silva Neto, um dos maiores especialistas do país na sua área. Quando escutou o nome do povoado de onde a enferma viera, uma estranha luz encheu seus olhos e de pronto foi ver a paciente.
Nem uma década foi o bastante para apagá-la da sua lembrança. Reconheceu-a imediatamente e determinou-se a fazer o melhor para salvar sua vida, passando a dedicar-lhe atenção especial. Contudo, nada lhe disse sobre o primeiro encontro que tiveram no passado. Júlia não se lembrava do encontro.
Depois de uma terrível batalha clínica, Dr. José e equipe finalmente venceram aquela enfermidade. Ao receber alta, Júlia teve receio de ver a conta do hospital, porque imaginava que levaria o resto da sua vida para pagar por aquele tratamento tão caro e demorado.
Quando, finalmente, abriu a fatura, seu coração se encheu de alegria com estas palavras: "Seu tratamento está totalmente pago, há muitos anos, com um copo de leite fresco e biscoitos. Dr. José da Silva Neto, clínico geral."
Só então Júlia se lembrou de onde conhecia aquele médico. Na vida nada acontece por acaso. O que você faz hoje certamente será a diferença em sua vida amanhã.
Tiago, apóstolo de Jesus Cristo, em seu livro, capítulo 2º, versículo 1º, sabiamente observa: “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas”.
Portanto, “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo colheremos, se não houvermos desfalecido”. “Pois para com Deus não há acepção de pessoas”, conclui Paulo, o apóstolos de Jesus, em sua carta aos Gálatas, capítulo 6, versículo 9, e aos Romanos, capítulo 2, versículo 11.
O rapaz saiu daquela casa não só refeito fisicamente, mas também com sua fé renovada em Deus e na bondade dos homens. Ele já havia resolvido abandonar os estudos devido às dificuldades financeiras que estava passando, mas aquele gesto de bondade o fortaleceu.
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Lição de vida
– 15 –
Nunca parar:
viver é melhor!
Nada passa mais depressa que os anos. Mas eu não entendo isso dos anos que passam: que gostamos de vivê-los, mas não de tê-los.
Queiramos ou não, envelhecer é o único meio de viver muito tempo e de aprender cada dia mais e melhor. E nesse sentido, todos desejam chegar à velhice, mas todos a negam quando a ela tenham chegado.
Besteira, cada etapa da vida tem o seu encanto e a sua oportunidade. Basta saber enxergá-la. Encaro a idade madura como aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.
Digo sempre em minhas palestras que se tudo, se absolutamente tudo der certo na nossa vida, vamos envelhecer e teremos que nos preparar para essa importante etapa da vida. “Os desafios da existência nos impulsionam ao sucesso. Mas é necessário também que tenhamos otimismo e generosidade, para não cair nas garras do egoísmo desagregador”.
A preparação significa chegar lá bem: bem de espírito, de alma, de raciocínio, de saúde, de dinheiro e de objetivos. “O Cristo Jesus é o exemplo desse estado perene de juventude, porquanto de satisfação espiritual”.
Nada mantém um idoso saudável que o sentimento de utilidade e de que tem ainda metas para alcançar. “É preciso, pois, iluminar o interior do ser humano, isto é, o seu Espírito, onde se origina a sua liberdade ou o seu cativeiro”.
Por isso, a velhice é uma etapa da vida em que o trabalho edificante retarda a morte do corpo e eleva o coração. “Quando a gente quer algo realizar, realiza. Não acredite nessa história de que é difícil. As coisas só são difíceis para as pessoas difíceis. As pessoas simples, estas realizam coisas extraordinárias”.
É por amor e respeito à vida dos mais experientes que digo para nunca pararem: parar de se preocupar, de trabalhar e de sonhar. “Em que é menor que um rei aquele que não foge à sua responsabilidade? Merece de todos nós o apoio e a distinção por persistir, com honra, em viver a sua dignidade. A elite de um país é o seu povo”. Nunca parar, porque viver é melhor.
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Lição de vida
– 16 –
*Os maiores
inimigos do homem
Certa feita, Simão Pedro perguntou ao seu mestre Jesus:
– Senhor, como saberei onde vivem nossos maiores inimigos? É que quero combatê-los, a fim de trabalhar com eficiência ao seu lado pelo Reino de Deus.
Iam os dois de caminho entre Cafarnaum e Magdala, ao sol rutilante de perfumada manhã.
O Divino Mestre ouviu, pacientemente, e mergulhou-se em longa meditação.
Insistindo, porém, o discípulo, Ele responde com benevolência.
– Pedro, a experiência tudo revela no momento preciso.
– Oh! [exclamou Simão impaciente] A experiência demora muitíssimo Senhor, muitíssimo.
O Amigo Divino esclareceu imperturbável:
– Para os que possuem olhos de ver e ouvidos de ouvir, uma hora às vezes basta ao aprendizado de inesquecíveis lições.
Pedro calou-se desencantado. E antes que pudesse retornar as interrogações, notou que alguém se esgueirava por traz de velhas figueiras erguidas à margem. O apóstolo empalideceu e obrigou o Mestre a interromper a marcha, declarando que o desconhecido certamente era um adversário que procurava assassiná-Lo.
Com palavras ásperas desafiou o viajante anônimo a afastar-se, ameaçando-o sob forte irritação. E quando tentava agarrá-lo, à viva força, diamantina risada se fez ouvir. A suposição era injusta. Ao invés de um adversário, foi André, o próprio irmão dele quem surgiu sorridente, associando-se à pequena caravana.
Jesus então endereçou expressivo gesto a Simão, e obtemperou:
– Pedro, Pedro, nunca te esqueças de que o medo é um adversário terrível.
Recomposto o grupo, não haviam avançado muito, quando avistaram um levita que recitava passagens da Torá e lhes dirigiu a palavra, menos respeitoso. Simão logo inchou-se de cólera. E reagiu, e discutiu, longe das noções de tolerância fraterna, até que o interlocutor fugiu, amedrontado.
O Mestre até então, silencioso, fixou no aprendiz os olhos muito lúcidos e inquiriu:
– Pedro, Pedro qual é a primeira obrigação do homem que se candidata ao Reino Celeste?
A resposta veio clara e breve:
– “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
– Terás observado então, Pedro, a regra sublime neste conflito todo?
E continuou o Cristo, serenamente.
– Recorda que, antes de tudo, é indispensável nosso auxílio ao que ignora o verdadeiro Bem, e não se esqueça de que a cólera é um perseguidor cruel.
A pequena caravana prosseguiu mais alguns passos, e eles encontraram Teofrasto, judeu grego dado à venda de perfumes, que informou sobre certo Zeconias, leproso curado pelo Profeta Nazareno e que fugira para Jerusalém, onde acusava o Messias com falsas alegações.
O velho pescador, Simão Pedro, então, não se conteve. Gritou que Zeconias era um ingrato, relacionou os benefícios que Jesus lhe prestara e internou-se em longo e amargosos comentários, amaldiçoando-lhe o nome.
Terminando, o Cristo de Deus indagou-lhe:
– Pedro, Pedro quantas vezes perdoará a teu irmão?
– Até setenta vezes sete Senhor [replicou o apóstolo, humilde].
O Amigo Celeste contemplou-o, então, calmo, e rematou:
– A dureza é um carrasco da Alma.
Não atravessaram grande distância e cruzaram com Rufo Grácus, um velho romano, semiparalítico, que lhes sorriu, desdenhoso, do alto da liteira sustentada pelos escravos fortes.
Marcando-lhe o gesto sarcástico, o impetuoso Simão falou sem rebuços:
– Desejaria curar aquele pecador impenitente, Senhor, a fim de dobrar-lhe o coração empedernido para Deus.
Jesus, porém, com toda paciência, afagou-lhe o ombro e ajuntou:
– Por que instituiríamos a violência no mundo, se o próprio Pai Celestial nunca se impôs a ninguém?
E, ante o companheiro desapontado, concluiu:
– A vaidade é um verdugo sutil.
Daí a minutos, para repasto ligeiro, chegavam à hospedaria modesta de Aminadab, um seguidor das idéias novas trazidas por Jesus.
À mesa, um certo Zadias, liberto de Cesárea, se pôs a comentar os acontecimentos políticos da época. Indicou os erros e desmandos da Corte Imperial; ao que Simão Pedro correspondeu, colaborando na poda verbalística da Zadias.
Dignitários e filósofos, administradores e artistas de além-mar sofreram apontamentos ferinos. Até Tibério César foi invocado com impiedosas recriminações.
Finda a animada palestra, Jesus perguntou ao discípulo se “acaso estivera alguma vez em Roma.” O esclarecimento veio depressa:
– Nunca Senhor, nunca estive em Roma.
O Cristo sorriu, benevolente, e observou:
– Falaste com tamanha desenvoltura sobre o imperador romano que me pareceu estar diante de alguém que com ele houvesse privado intimamente.
Em seguida acrescentou:
– Estejamos convictos de que a maledicência é algoz terrível.
O pescador de Cafarnaum silenciou, desconcertado.
O Divino Mestre contemplou a paisagem exterior, fitando a posição do astro do dia, como a consultar o tempo, e, voltando-se para o companheiro invigilante, acentuou, bondoso:
– Pedro, há precisamente uma hora procuravas situar o domicílio dos nossos maiores adversários. De então para cá, cinco apareceram entre nós: o medo, a cólera, a dureza, a vaidade, e a maledicência... Como reconheces, nossos piores inimigos moram em nosso próprio coração.
E, sorrindo, finalizou:
– Dentro de nós mesmos será travada a guerra maior. [Vençamos a batalha íntima, para que possamos sobreviver e vencer a violência que ainda por um tempo domina o sentimento do mundo.]
Título: Os maiores inimigos do homem
Livro: Luz Acima
Autoria: Irmão X
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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Lição de vida
– 17 –
Ordenações humanas
São Pedro escreveu na sua primeira epístola, capítulo 2, versículo 13:
“Sujeitai-vos, portanto, a toda ordenação humana por amor ao Senhor Jesus”.
Certos temperamentos impulsivos aproximando-se de oitiva das lições do Cristo presumem encontrar no Evangelho um tratado de destruição da ordem existente no mundo. A quem pense que Jesus foi um anarquista vigoroso, inflamado de raiva sublime. Jesus, porém, nunca será patrono da desordem, porque nunca foi um agitador.
A novidade que transborda do Evangelho não aconselha ao Espírito mais humilhado da Terra adoção de armas contra Irmãos. Claro está que a Boa Nova não ensina a genuflexão diante da tirania insolente, mas pede respeito às ordenações humanas por Amor ao Divino Mestre.
Se o detentor da autoridade exige mais do que lhe compete exigir, então se transforma num déspota que Jesus derrubará através das circunstâncias que lhe expressam os desígnios, no momento oportuno, na hora exata. Esta certeza é mais um fator de tranquilidade para o servo cristão que em hipótese alguma deve quebrar o ritmo da harmonia.
Não te faças, portanto, indiferente às ordens dentro da máquina de trabalho em que te encontras situado. É possível que muita vez não te correspondam aos desejos pessoais. Mas lembra-te de que Jesus é o supremo governador desse Planeta, e não poderia situar o teu trabalho pessoal, onde o teu concurso fosse desnecessário.
Sim, meu Irmão, tens algo de sagrado a fazer onde respiras no dia de hoje. Com expressões de revolta tua atividade será negativa. Lembra-te de semelhante verdade e obedece as ordenações humanas por Amor a Jesus.
Título: Ordenações humanas.
Página de: Emmanuel (Espírito)
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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Lição de vida
– 18 –
Ora e vigia
Ora e vigia. Não cesses
Teu combate à tentação.
No templo de nossas preces
Guardamos o coração.
Ora e vigia. Trabalha
Na rota de teu dever.
A vida é a nossa batalha...
Foge ao repouso e ao prazer.
Ora e vigia. Sublima
O teu amor fraternal.
O bem que não desanima
É a vitória contra o mal.
Vigia, orando. Vigia
Dando ação aos dias teus.
Serviço de cada dia
É benção da Luz de Deus.
Título: Ora e vigia.
Livro: Relicário de Luz
Página de: João de Deus
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
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Lição de vida
– 19 –
Carta íntima
Escuta, meu irmão! Pelo caminho
Da miséria terrestre, há muitas dores;
Muito fel, muita sombra, muito espinho,
Entre falsos prazeres tentadores.
Há feridas que sangram…Há pavores
De órfãos sem lar, sem pão e sem carinho:
Confortemnos os pobres sofredores,
Almas saudosas do celeste ninho!
Jesus há de sorrir com o teu sorriso,
Quando faças no mundo o bem preciso,
Pelo que sofre em desesperação.
Todo o bem que plantares nessa vida,
Há de esperar tua alma redimida
Nos caminhos de luz e redenção!