"Só deve usar adoçante quem realmente precisa", alertam especialistas
UOL Notícias/ Saúde/ Alimentação/ Rosana Faria de Freitas
Todo edulcorante artificial, se consumido em excesso e em longo prazo,
pode propiciar algum dano para a saúde, principalmente quando relacionado
com o uso abusivo de alimentos industrializados
Desde que os adoçantes foram criados, na década de 1960, várias dúvidas e polêmicas surgiram no rastro do produto, colocando em dúvida não só sua eficácia, mas, principalmente, seus efeitos sobre a saúde. Embora vários estudos ainda não sejam conclusivos, convém saber mais sobre o assunto e ouvir a opinião de especialistas.
A nutricionista Luciana Harfenist, membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional, salienta que há restrições e contraindicações ao emprego do item. "Quem tem pressão alta ou insuficiência renal, por exemplo, precisa verificar as taxas de sódio de cada marca antes de consumir." E tem mais: vários profissionais defendem que indivíduos saudáveis, que não apresentam nenhuma doença que obrigue restringir o açúcar, não deveriam inserir o adoçante na alimentação.
"Muito melhor seria adotarem uma dieta equilibrada, em quantidades adequadas para suas necessidades nutricionais", sustenta a nutricionista Ariane Machado Pereira, pós-graduada pelo Imen (Instituto de Metabolismo e Nutrição).
Proibidos e liberados
Porém, nos Estados Unidos, por exemplo, o ciclamato de sódio foi relacionado ao câncer e, por isso, seu uso foi proibido. "Existem estudos que fazem um paralelo entre o câncer na bexiga e a sacarina e o ciclamato", diz Harfenist.
Ariane, no entanto, cita o Informe Técnico nº 40, de 2 de junho de 2009, disponível na página da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que diz que a decisão tomada pelo FDA, regulador de remédios e alimentos norte-americano, foi baseada em um estudo feito em ratos. A entidade já recebeu uma petição para revisar a proibição, que ainda está em análise.
A Anvisa diz que, desde então, foram conduzidos muitos estudos sobre carcinogênese envolvendo ciclamato, sozinho ou em misturas com sacarina, não tendo sido demonstrada incidência estatisticamente significativa de tumores na bexiga dos animais testados.
"Acredito que todo edulcorante artificial, se consumido em excesso e em longo prazo, pode propiciar algum dano para a saúde, principalmente quando relacionado com o uso abusivo de alimentos industrializados, ricos em conservantes e aromatizantes e que, muitas vezes, já apresentam em sua composição algum edulcorante artificial", diz Ariane.
"Indivíduos saudáveis, sem necessidade de dietas especiais, não precisam aderir aos adoçantes artificiais. Basta mudar os hábitos alimentares, saborear itens in natura, como sucos de frutas, por exemplo, ou mesmo o café puro. Talvez isso demande tempo e persistência para que o organismo possa se adaptar ao sabor, mas compensará", conclui a nutricionista.
De qualquer forma, é bom ir com calma antes de começar a pingar gotinhas do dito-cujo em tudo que ingerir.

Imagem 1/17: Adoçantes são indicados apenas para diabéticos ou obesos. VERDADE: eles foram criados para substituir o açúcar na alimentação de quem sofre com diabetes ou está muito acima do peso. "Porém, mesmo nestes casos, seu consumo não deve ser abusivo", alerta a nutricionista Luciana Harfenist, acrescentando que é muito fácil exagerar, principalmente se a pessoa é usuária de industrializados como refrigerantes, iogurtes, bolos, biscoitos e balas. "É necessário observar as quantidades recomendadas de cada tipo de adoçante. E, para quem consome diariamente, o ideal é variar, tendo dois ou três diferentes, de forma a evitar o acúmulo de substâncias tóxicas no organismo".
A nutricionista Ariane Machado Pereira salienta que indivíduos saudáveis, que não têm qualquer problema de saúde que os obrigue a restringir o açúcar, não precisam inserir o item na alimentação. Importante: há dois tipos de edulcorantes (outro nome para os adoçantes): os de mesa, formulados para conferir sabor doce a alimentos e bebidas e não indicados para diabéticos; e os dietéticos, feitos para dietas com restrição de sacarose, frutose ou glicose, "destinados a atender às necessidades de pessoas sujeitas à restrição da ingestão desses carboidratos", como os diabéticos, conforme explica a cartilha da Abiad.

Imagem 2/17: O emprego desses produtos é prejudicial à saúde. PARCIALMENTE VERDADE: conforme considera a nutricionista Ariane Machado Pereira, tudo depende da forma como o item é inserido na alimentação.
"Dentro de um contexto saudável, para indivíduos que precisam se submeter a uma dieta restrita ou com quantidades reduzidas de açúcar, apresentando condições metabólicas e fisiológicas específicas, como diabetes, por exemplo, o adoçante apropriado não proporcionará malefícios", diz. Agora, se for consumido em doses excessivas, sem que se identifique o melhor produto de acordo com as necessidades, é possível que promova algum efeito maléfico para determinadas pessoas, segundo ela.
A também nutricionista Luciana Harfenist concorda: "Como envolve substâncias artificiais, quando em excesso pode causar problemas a longo prazo, como alergia, enxaqueca, falta de concentração, dificuldade no controle da ingestão de carboidrato e mudança no paladar".

Imagem 3/17: Adoçante engorda. EM CERTOS CASO É VERDADE: o uso com moderação ajuda no tratamento da obesidade, pois permite ao paciente comer doces e bebidas com menos calorias. Porém, se consumido em excesso, pode engordar, sim.
"Alguns estudos demonstram que o emprego abusivo interfere na regulação natural da fome. Isso porque, ao ingerimos um alimento adoçado artificialmente, o organismo se prepara para receber a glicose através da produção de enzimas e hormônios que fazem parte do metabolismo do açúcar. Como este açúcar não entrará na corrente sanguínea, podem ocorrer alterações na saciedade. Além disso, os adoçantes viciam o paladar, influenciando negativamente na escolha de itens saudáveis", explica a nutricionista Luciana Harfenist.
Vale acrescentar que, de acordo com estudo publicado na revista americana NeuroImage, a sensação de satisfação, ao consumir o mesmo item com açúcar ou na versão diet, é diferente. "Em algum momento do dia, é possível que o consumidor de adoçante apresente uma verdadeira compulsão por doces, o que pode levar ao aumento de peso", conclui a nutricionista Ariane Machado Pereira.

Imagem 4/17: Adoçante pode causar câncer. INCONCLUSIVO. O Food and Drug Administration (FDA), órgão de controle de drogas e alimentos nos Estados Unidos, proíbe o ciclamato de sódio há 40 anos baseada em pesquisas que apontam a substância como cancerígena.
"No entanto, a Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio de um comitê de especialistas em aditivos alimentares, considera que o produto pode ser consumido e estabelece quantidades máximas de ingestão diária. Como nutricionista ortomolecular e funcional, no entanto, estudo o equilíbrio das moléculas no organismo e o adoçante artificial é uma substância estranha às nossas células. Por isso, seu uso deve ser moderadíssimo", defende Luciana Harfenist.
Ela aconselha o uso da stévia, que é natural, não apresenta restrições de consumo, mantém o padrão em produtos quente ou frio e pode ser usado por crianças e gestantes. Importante: todos os aditivos contidos nos adoçantes que você encontra à venda são aprovados por órgãos de saúde.
O uso de alguns compostos artificiais, no entanto, principalmente o aspartame, gera controvérsias em relação aos efeitos em longo prazo. Há pesquisas indicando o aumento, por exemplo, de risco de câncer e mal de Alzheimer. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém, os dados são insuficientes para recomendar sua proibição.

Imagem 5/17: Há restrições e contraindicações ao uso de adoçantes. VERDADE: conforme explica a nutricionista Luciana Harfenist, quem tem pressão alta ou insuficiência renal deve verificar as taxas de sódio de cada marca: alguns o trazem na composição, especialmente o ciclamato e a sacarina.
"Estudos não conclusivos relacionam o consumo de sacarina com o risco de câncer de bexiga: por isso, este tipo tem que ser evitado por pessoas com tendência à retenção de líquido, principalmente mulheres no período pré-menstrual".
Grávidas e mulheres que estão amamentando também entram no foco das contraindicações. "O melhor para as grávidas é a stévia", assegura a nutricionista, acrescentando que a recomendação de adoçantes para as futuras mamães deve se restringir às diabéticas e às que sofrem com excesso de peso.
Quanto às crianças, a técnica diz que "não devem consumir adoçantes, a não ser no caso das diabéticas e obesas, e sempre com orientação de um nutricionista". O aspartame, por sua vez, é proibido para portadores de fenilcetonúria, doença genética rara que provoca o acúmulo de fenilalanina no organismo, causando sérias consequências neurológicas.
A nutricionista Ariane Machado Pereira ainda destaca outras restrições: frutose, para quem apresenta excesso de triglicerídeos no sangue; acessulfame K, para doentes renais que necessitam limitar o potássio; e qualquer pessoa com alguma sensibilidade a edulcorantes.

Imagem 6/17: Usar adoçante em receitas culinárias muda o sabor e o aspecto das mesmas. VERDADE: o item modifica coloração e sabor, conforme a preparação. Em um bolo, por exemplo, pode deixá-lo mais seco ou menor.
A orientação é aumentar a quantidade de fermento e líquidos e acrescentar elementos que deem coloração, como o sumo de frutas. "O indicado é usar os que são formulados para "forno e fogão", capazes de suportar altas temperaturas e pH diferenciado, sem alterar o sabor", aconselha a nutricionista Ariane Pereira.

Imagem 7/17: Há adoçantes mais naturais, como a stévia, que são menos prejudiciais à saúde. VERDADE: "Não apresenta restrições de consumo, mantém o padrão em receitas quentes ou frias e pode ser utilizado por gestantes e crianças", diz a nutricionista Luciana Harfenist.
A também nutricionista Ariane Machado Pereira completa dizendo que a stévia tem poder adoçante 300 vezes maior do que a sacarose, além de oferecer baixo risco toxicológico. "A frutose, açúcar da maioria das frutas maduras, tubérculos e mel de abelhas, adoça 50% mais que o açúcar comum e não deixa gosto residual amargo ou alterações com o calor. Também é um bom substituto em diversos pratos. Cada 1g tem 4 calorias".

Imagem 8/17: Existe uma dose máxima de consumo diário recomendado pela Anvisa.VERDADE: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece a Ingestão Diária Aceitável (IDA) dos principais e mais usados edulcorantes.
A recomendação fica bem acima do consumo habitual da maioria das pessoas: um adulto de 60 kg poderia consumir diariamente até 2.400 mg de aspartame, o que equivaleria a 60 sachês de 1 g ou quase 4,5 litros de refrigerante adoçado só com aspartame, informa a cartilha da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).
Mas atenção: boa parte dos alimentos e bebidas diet e light mistura adoçantes, evitando a concentração da dosagem de um só e ampliando o limite de consumo. Anote, agora, as indicações da Organização Mundial de Saúde (basta multiplicar os valores abaixo pelo seu peso): sacarina - 5 mg/kg de peso corporal; ciclamato de sódio - 11 mg/kg de peso corporal; aspartame - 40 mg/kg de peso corporal; acessulfame K - 15 mg/kg de peso corporal; stévia - 5,5 mg/kg de peso corporal; sucralose - 15 mg/kg de peso corporal; xilitol, manitol e sorbitol - 15 mg/kg de peso corporal.

Imagem 9/17: Aspartame é um dos melhores adoçantes. MITO: "Quando submetido a temperaturas acima dos 30ºC, ele libera uma substância denominada ácido fórmico, nociva ao organismo. Como o corpo humano saudável se mantém a 36ºC, sempre que ingerimos aspartame, ele será convertido neste elemento. Além disso, seu consumo está relacionado a doenças neurodegenerativas, já que ele age no cérebro interferindo na produção normal de neurotransmissores", salienta a nutricionista Luciana Harfenist.
Pesquisadores da Bolonha, na Itália, misturaram doses diferentes de aspartame na ração para alimentar 1,8 mil cobaias durante toda a vida delas, mais ou menos três anos. Isso equivale a 30 ou 40 anos da vida de uma pessoa. "A pesquisa indicou que 25% das cobaias fêmeas de um grupo tiveram leucemia". A também nutricionista Ariane Machado Pereira assina embaixo.
"Ele é capaz de provocar neurotoxicidade, uma vez que promove excitação cerebral. Por isso, é possível que leve a danos cerebrais principalmente em crianças. O componente ainda pode gerar sintomas de alergia, falta de concentração, hipersensibilidade imunológica e males gastrointestinais como azia e náuseas. Por conter fenilalanina, diminui a produção de serotonina e mexe com o humor, deixando as pessoas mais suscetíveis a quadros de depressão".

Imagem 10/17: Apenas os produtos diet contêm adoçantes.MITO: muitos light trazem adição de edulcorantes artificiais. "Idem para alguns suplementos, industrializados e lácteos. Por isso, vale dar uma olhada na composição", recomenda a nutricionista Ariane Pereira.
A nutricionista Luciana Harfenist observa que o correto seria que apenas os diet contivessem a substância. "A indústria, porém, prefere usar os termos light ou 0% por serem mais comerciais. Exemplo: um iogurte light não contém açúcar e é adoçado artificialmente, ou seja, ele é 'diet'. A terminologia light significa que o item terá no mínimo 25% de redução de calorias, sal ou gordura". Diabéticos devem sempre usar os diet.

Imagem 11/17: Algumas pessoas não podem consumir aspartame. VERDADE: para os portadores da fenilcetonúria, o emprego é vetado. Esta doença está relacionada à deficiência da enzima fenilalanina hidroxilase, variando entre a completa ausência de atividade e 5% de atividade, associada a altas concentrações de fenilalanina no sangue.
"Neste caso, sujeitos que têm o distúrbio não utilizam a via considerada normal para metabolizar o componente. Portando, devem evitar alimentos que apresentam o aminoácido", explica a nutricionista Ariane Pereira.

Imagem 12/17: Já que não contém calorias, posso ingerir adoçantes à vontade. MITO: "Não se pode exagerar no uso em função da sua ação metabólica, e não pelas calorias que, de modo geral, são bem reduzidas", considera a nutricionista Luciana Harfenist.
"Todo excesso é prejudicial. Sem falar que não temos pesquisas longas que isentem a substância de relação com doenças", completa a nutricionista Ariane Pereira. Os adoçantes que contêm calorias são aspartame, frutose, xilitol, sorbitol e manitol, todos com 4 por grama; já os que não apresentam são ciclamato de sódio, sacarina, sucralose, stévia e acessulfame-k.

Imagem 13/17: Não se deve dar adoçante para as crianças. VERDADE: os menores não devem ingeri-lo, a menos que tenham diabetes ou estejam realmente acima do peso. "Tal consumo deve ser prescrito e supervisionado por médico ou nutricionista", adverte a nutricionista Ariane Machado Pereira.

Imagem 14/17: Grávidas não devem usar adoçante. PARCIALMENTE VERDADE: o aspartame deve ser evitado, porque há o risco de a fenilalanina nele presente causar má formação cerebral no bebê. Por outro lado, algumas gestantes, em condições especiais (diabéticas ou que necessitam controlar o ganho de peso por necessidade fisiológica) podem necessitar do item em quantidades adequadas na alimentação.
"Claro que tal emprego deve ser feito sob orientação médica ou nutricional, indicando o melhor tipo e descartando os que propiciam efeitos nocivos para a mãe e o feto", diz a nutricionista Ariane Machado.

Imagem 15/17: Sucralose não faz mal à saúde. VERDADE: "De acordo com o Food and Drug Administration, o uso do componente, dentro das quantidades permitidas, não gera riscos à saúde, como carcinogênico, reprodutivo ou neurológico", informa a nutricionista Ariane Machado Pereira.
"Até o momento, a sucralose tem se mostrado segura, sendo permitida inclusive para gestantes", completa a nutricionista Luciana Harfenist. Derivado da cana, o adoçante é elaborado a partir da modificação da molécula do açúcar; não altera a taxa glicêmica do diabético e não é absorvida pelo organismo. E ainda é altamente estável em diferentes temperaturas.

Imagem 16/17: Aspartame pode causar alergia. INCONCLUSIVO: "Alguns estudos mostram que a ingestão de aspartame por indivíduos com sensibilidade ao formaldeído - presente neste tipo de adoçante - pode estar associada à dermatite de contato sistêmica.
Casos clínicos apontam que pacientes com hábito de consumir alimentos com aspartame, como bebida gaseificada e doces, em quantidades consideráveis, quando interrompem o consumo apresentam, depois de algumas semanas, a diminuição do quadro alérgico. Mas acredito que sejam necessárias mais pesquisas para relacionar tal mecanismo", sustenta a nutricionista Ariane Machado Pereira.

Imagem 17/17: Alguns adoçantes favorecem a formação de gases. VERDADE: o sorbitol, utilizado pela indústria alimentícia para a produção de doces e balas diet, causa gases e diarreia quando consumido em grandes quantidades.
"Como não é totalmente absorvido pelo organismo, provoca alteração no trato gastrointestinal, ocasionando aumento da pressão osmótica no interior do intestino e, consequentemente, gerando tal sintoma", conclui a nutricionista Ariane Pereira. Xilitol e manitol também podem desencadear o quadro pela fermentação de bactérias.
Cartilha ajuda a esclarecer
mitos sobre adoçantes
UOL/ Ciência e Saúde/ Thamires Andrade
Para melhorar a imagem desses produtos, a Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres) lançou uma cartilha, com informações aos consumidores, que recebeu o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O material garante que o adoçante não é prejudicial à saúde, e que "a segurança dos aditivos alimentares é feita através de inúmeros estudos científicos para comprovação da inexistência de efeitos adversos decorrentes do seu consumo".
Desde que surgiram em meados da década de 60, os adoçantes (oficialmente chamados de edulcorantes) geram algum tipo de polêmica. Quem nunca recebeu um spam com informações sobre a associação entre esses aditivos e doenças como câncer? Há estudos que ainda ligam adoçantes a doenças como atrofia de órgãos e até obesidade. Para melhorar a imagem desses produtos, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) lançou uma cartilha com informações aos consumidores.
Segundo especialistas, os estudos que condenam os adoçantes são inconclusivos. "A maioria das pesquisas foi desenvolvida com ratos e [os cientistas] deram aos animais uma quantidade exorbitante de adoçante, um nível muito acima do que um humano conseguiria consumir", relata Ana Paula Gines Geraldo, nutricionista do Laboratório de Técnica Dietética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.
Esses estudos, no entanto, já renderam aos adoçantes proibições em diversos países. Depois de uma pesquisa que mostrou risco de atrofia nos testículos, por exemplo, os Estados Unidos proibiram o ciclamato, componente presente para adoçar a maioria dos refrigerantes “zero” vendidos no Brasil. A sacarina também já chegou a ser proibida no mercado americano por ser responsável por causar câncer de bexiga, mas já foi liberada. "Todos esses trabalhos que foram desenvolvidos não conseguem afirmar com segurança os riscos, seja de atrofia ou câncer, que o consumo da substância traz para o organismo. Tudo ainda é subjetivo", complementa Elaine Cristina Moreira, nutricionista da Clínica Denise Steiner.
Foi por essa razão que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou os limites máximos de utilização dos edulcorantes nos alimentos. "Todos os adoçantes que estão disponíveis no mercado foram estudados e testados para não afetar a saúde do consumidor. Além disso, foi estabelecido por segurança uma Ingestão Diária Aceitável (IDA) das substâncias, em que fica estipulada a quantidade máxima de aditivo por peso corpóreo", explica Ana Maria Giandon, engenheira de alimentos e consultora científica da Abiad.
Mas quase nunca um único adoçante é consumido sozinho. A indústria alimentícia utiliza misturas de edulcorantes para reduzir alguns aspectos negativos, como o sabor residual, que deixa aquele gosto amargo ou metálico em alguns alimentos. "Essas misturas são boas para a saúde porque evitam que a pessoa chegue ao limite diário de cada um dos adoçantes presentes e também para tecnologia, pois potencializam o que ambos têm de melhor", conta Geraldo.
Há adoçantes, por sua vez, que podem ter alguns efeitos residuais quando fervidos, por exemplo. "Na hora de fazer o produto final há sempre um estudo para verificar se o adoçante vai degradar se fervido, a dica é olhar no rótulo da embalagem as informações referentes ao produto para comprar um que atenda as necessidades", ressalta Giandon.
Ainda que recomendado por todas as especialistas para quem busca perder peso, há pesquisas que apontam que o adoçante ajuda a engordar, pois não provocam sensação de saciedade e aumentam a massa corpórea. "De fato existem esses indícios e são pesquisas confiáveis realizadas em universidades renomadas, mas é preciso de muitas pesquisas, e nas mais diversas condições, para comprovar essa afirmação", acredita a engenheira de alimentos.
De acordo com Moreira, a troca do açúcar por adoçante não só é indicada para os diabéticos e para quem deseja perder alguns quilos extras, mas também para os que querem reduzir cáries e gorduras localizadas. "O açúcar aumenta a incidência da doença bucal e também da gordura abdominal, que é a mais indesejada para as mulheres", declara.
Geraldo, no entanto, adverte sobre as mudanças para o edulcorante em receitas culinárias: "O açúcar possui algumas funções importantes na hora de preparar um bolo, por exemplo, portanto se a pessoa optar pelo adoçante ele poderá ficar mais seco ou não crescer tanto". A dica da nutricionista do Laboratório de Técnica Dietética é aumentar a quantidade de fermento, líquidos e utilizar alimentos que deem coloração ao bolo, como o suco de maracujá.
O consumo de adoçantes deve ser feito sob supervisão de uma nutricionista, mas não é indicado para grávidas e crianças. "A sacarina, um dos 15 tipos de adoçantes regulamentados pela Anvisa, atravessa a barreira placentária e portanto existe o risco de chegar ao sangue do feto", conta Elaine, que completa que esse adoçante também é contraindicado para os hipertensos. “Tanto a sacarina quanto o ciclamato têm sódio na composição, portanto o sal retém água e aumenta o volume de sangue dentro do vaso sanguíneo, o que faz com que a pressão aumente", completa Elaine. A nutricionista diz que nesses casos o ideal é buscar um adoçante sem sódio na composição, como a sucralose.
As contraindicações também valem para adoçantes naturais. A grande diferença deles para os artificiais é a origem. "Um é extraído de vegetais e frutas, enquanto os outros são produzidos por um processo químico, mas no final todos eles passam pelo mesmo processo de purificação", relata a especialista da Abiad.
Adoçante engorda? Causa câncer?
Veja respostas para essas perguntas
Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad) lançou a cartilha "Adoçantes - Tire suas Dúvidas" para desmistificar as polêmicas que rondam o consumo do alimento. Confira na íntegra a publicação que foi lançada com o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):
1. O que são edulcorantes, conhecidos popularmente como adoçantes?
Os edulcorantes são aditivos alimentares de sabor extremamente doce, utilizados em alimentos e bebidas industrializados com o objetivo de substituir total ou parcialmente o açúcar.
Distinguem-se como:
- Adoçantes de mesa: produto formulado para conferir sabor doce aos alimentos e bebidas, devendo ser constituído por edulcorantes previstos na legislação e açúcar. Não é indicado para diabéticos.
- Adoçantes dietéticos: produto formulado para dietas com restrição de sacarose, frutose e ou glicose para atender às necessidades de pessoas sujeitas à restrição da ingestão desses carboidratos. As matérias-primas frutose, sacarose e glicose não podem ser utilizadas em sua fabricação.
2. Qual a indicação de uso dos adoçantes?
Destinam-se principalmente à fabricação de produtos para diabéticos, que precisam controlar o consumo do açúcar ou mesmo retirá-lo da dieta. Como o açúcar é um dos principais componentes da dieta e acaba contribuindo com um alto aporte de calorias, sua substituição pelos adoçantes permite um benefício adicional importante, relacionado à substancial redução calórica para atender aos pacientes que precisam reduzir ou controlar o seu peso.
3. O uso de adoçantes é prejudicial à saúde?
Não. A segurança dos aditivos alimentares é feita através de inúmeros estudos científicos para comprovação da inexistência de efeitos adversos decorrentes do seu consumo. Os estudos são avaliados pelo JECFA (comitê conjunto de peritos em aditivos alimentares da FAO/OMS), órgão máximo que avalia a sua segurança e estabelece sua Ingestão Diária Aceitável (IDA), ou seja, a quantidade estimada do aditivo, expressa em miligrama por quilo de peso corpóreo (mg/kg p.c.), que pode ser ingerida diariamente, durante toda a vida, sem oferecer risco apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos científicos disponíveis. A legislação brasileira se baseia nesta avaliação para liberar o uso dos aditivos e seus respectivos limites de aplicação nos alimentos em nosso país.
4. Os adoçantes engordam?
Não há evidência científica que demonstre tal efeito. As teorias levantadas até o momento não foram comprovadas, pois os estudos disponíveis não são conclusivos. As causas da obesidade envolvem vários fatores, como ambientais, estilos de vida e genéticos, numa complexa interação de variáveis, não existindo uma teoria geral que se aplique a todos os indivíduos. Portanto, não é correto afirmar/concluir que os adoçantes seriam os responsáveis pelo aumento de peso em uma população. Para o controle de peso vale a recomendação usual de uma alimentação nutricionalmente equilibrada associada à prática de atividade física.
5. Existem restrições ao consumo de adoçantes?
De modo geral não. A IDA estabelece valores em miligramas do adoçante por quilograma de peso corpóreo que se recomenda como consumo máximo diário ao longo de toda a vida, o que define limites adequados para qualquer indivíduo. Além disso, os estudos utilizados na avaliação de segurança dos adoçantes consideram diferentes grupos populacionais como homens, mulheres, gestantes, crianças, idosos e diabéticos antes de liberá-los para consumo.
Apenas os portadores da fenilcetonúria, uma doença genética rara diagnosticada na infância, devem evitar o aspartame assim como a maioria dos alimentos que contém proteínas (carne, leite, ovos etc), por serem fonte do aminoácido fenilalanina, que estes indivíduos não conseguem metabolizar.
6. O adoçante natural é mais saudável do que o artificial?
Não. Todo adoçante, seja natural ou artificial, tem de passar por uma avaliação toxicológica antes de ter seu uso aprovado. Na natureza também encontramos substâncias que podem ser nocivas à saúde, daí a necessidade de avaliação de forma indistinta.
7. Quais são os adoçantes aprovados pela Anvisa no Brasil e sua IDA (Ingestão Diária Aceitável)?
Edulcorante | IDA (mg/Kg peso/dia) |
Sorbitol | Não especificada |
Manitol | Não especificada |
Isomaltitol | Não especificada |
Maltitol | Não especificada |
Sacarina | 5 |
Ciclamato | 11 |
Aspartame | 40 |
Glicosídeos de Esteviol (Estévia) | 4 |
Acesulfame de potássio | 15 |
Sucralose | 15 |
Neotame | 2 |
Traumatina | Não especificada |
Lactitol | Não especificada |
Xilitol | Não especificada |
Eritritol | Não especificada |
IDA (não especificada):
No caso dos edulcorantes em que a IDA é “não especificada”, significa que aquela substância não apresenta risco à saúde nas quantidades necessárias para que se obtenha o efeito tecnológico desejável.
8. Há risco de consumo acima da dosagem diária (IDA) recomendada para consumidores regulares de edulcorantes?
A IDA é uma recomendação de consumo máximo e normalmente está bem acima do consumo habitual da maioria das pessoas. Por exemplo, um adulto de 60 kg pode consumir diariamente até 2.400 mg de aspartame, o que equivale a cerca de 60 sachês de 1g de adoçante ou quase 4 litros e meio de refrigerante adoçado só com aspartame. Como a maioria dos alimentos e bebidas diet e light é formulada com mistura de adoçantes, evita-se a concentração da dosagem em um único adoçante, tornando o limite de consumo ainda mais distante.
9. Regularmente, vemos na mídia ou na internet informações negativas sobre o aspartame. Até que ponto elas são verdadeiras? Ele representa riscos à população? Há restrições ao seu consumo?
O aspartame é um dos adoçantes mais avaliados do ponto de vista toxicológico, contando com mais de 100 estudos com distintos grupos populacionais que confirmam a sua segurança. É um dos adoçantes mais indicados pelos profissionais de saúde para a população em geral, inclusive crianças e mulheres em situações tão delicadas como durante a gestação. Esse respaldo científico garante ao aspartame sua aprovação em mais de 120 países, entre eles o Brasil.
O mito de que o aspartame esteja relacionado a doenças como esclerose múltipla, lúpus, alzheimer, malformações congênitas, câncer, entre outras, não é verdadeiro e tem se popularizado mais pelo impacto e pelos meios utilizados (revistas, internet) do que por evidências concretas. O fato é que não existe comprovação científica para essa relação, tanto que as principais autoridades de segurança alimentar no mundo – FDA (Estados Unidos), EFSA (União Européia), Anvisa entre outras - sempre têm se manifestado a favor do aspartame toda vez que sua segurança é questionada.
10. Quem não deve consumir aspartame?
Os fenilcetonúricos, ou portadores da fenilcetonúria, são os únicos que devem evitar o aspartame, pois esse contém fenilalanina em sua composição. Essa é uma doença rara, diagnosticada na infância através do teste do pezinho e atinge 1 em cada 12 mil ou 15 mil pessoas. A fenilcetonúria não tem cura, sendo necessário ao portador seguir uma dieta muito restritiva com alimentos de baixo teor de fenilalanina.
Mas, além do aspartame, a fenilalanina também está presente em alimentos que possuem proteína em sua composição, e que, igualmente, também devem ser restritos em sua alimentação. Para informações adicionais, consulte o website da Anvisa, Informe Técnico nº 17, de janeiro de 2006.
11. O ciclamato também é constantemente criticado e relacionado a riscos de doenças como câncer. Há algum risco na sua utilização?
O ciclamato foi um dos primeiros adoçantes descobertos, sendo que a sua aprovação também contou com a análise de inúmeros estudos científicos. Hoje, seu consumo é permitido em mais de 50 países na Europa, Ásia, América do Sul, Norte e África . No final da década de 60 e começo da de 70, surgiu a hipótese de que o ciclamato poderia causar câncer de bexiga.
Há aproximadamente 475 estudos científicos comprovando que o ciclamato não é carcinogênico. 24 estudos mostraram que, mesmo após ingestões elevadas de ciclamato durante toda a vida, não houve alteração ou formação de câncer em animais de laboratório. Inúmeros estudos também em humanos comprovaram esse mesmo resultado. Por isso, mantém se a aprovação e dosagem atribuídas ao ciclamato pelo JECFA. Para mais informações, consulte o Informe Técnico 40/09 na página da Anvisa.
Alternativas mais saudáveis ao açúcar
ganham espaço no mercado brasileiro
UOL Notícias/ Saúde/ Alimentação/Chris Bueno
Já imaginou algo equivalente ao açúcar, mas que não engordasse? Pois esta maravilha já existe! Para quem quer comer doce sem culpa, o agave e o FOS são duas opções saudáveis que já estão no mercado brasileiro.
O agave é uma planta mexicana de onde é retirado um xarope adocicado com a consistência do mel
O agave é uma planta mexicana, de onde é retirado um xarope adocicado, com a consistência do mel, que pode ser usado para adoçar comidas e bebidas sem preocupação, pois não engorda: tem apenas 3,34 calorias por grama. “O agave é uma opção mais saudável porque é um alimento orgânico, de baixo índice glicêmico e que apresenta poder adoçante maior do que o açúcar comum”, diz a nutricionista Juliana Dragone.
Por ser natural, o agave também possui várias vantagens, segundo a nutricionista Bruna Murta, da Mundo Verde, pois realça o sabor dos alimentos e tem absorção mais lenta, sendo indicado para quem quer emagrecer. “O grande benefício é ser um produto orgânico, livre de contaminação química, 100% natural, sem glúten e sem lactose”, explica.
E é versátil: pode ser usado também no preparo de alimentos, como bolos e tortas. Mas deve ser consumido com moderação: por ser fonte de frutose, seu consumo exagerado pode aumentar os níveis de triglicérides e de glicemia, não sendo indicado para diabéticos.
“O agave é um grande aliado para quem busca uma alimentação saudável. É uma opção nutritiva, rica em sais minerais (ferro, cálcio, potássio e magnésio)”, diz a nutricionista Bruna di Chiara Passos. Popular em vários países, como Estados Unidos, Canadá e México, já está sendo comercializado no Brasil, mas apenas em lojas de produtos naturais, com preço ainda não muito doce: uma embalagem de 330 gramas custa cerca de R$ 19,00.
Jeito brasileiro de fazer
Outra opção é o FOS (fruto-oligossacarídeos). Além de não engordar, o FOS não causa cáries e pode ser usado por diabéticos. “Ele não engorda porque sua molécula é muito grande para ser quebrada pelo organismo. Isso já não acontece com o açúcar de mesa.”, explica Michelle Ferreira De Simone, nutricionista da clínica Health Life em São Paulo. Mas as vantagens e benefícios do FOS vão muito além.
Ele pode ser classificado como um alimento funcional, pois traz muitos benefícios para a saúde como ser absorvido apenas pelos micro-organismos que vivem na parte final do intestino. “Ao ingerirem o FOS, esses organismos crescem e ajudam no tratamento de algumas enfermidades como diabetes e câncer e problemas de absorção de cálcio”, afirma Dragone.
Estudos apontam que o produto melhora o trânsito intestinal, auxilia na recuperação pós-operatória, fortalece o sistema imunológico e até contribui para prevenir o câncer de cólon e de mama. Só se deve ter cuidado e não exagerar, pois o consumo excessivo pode causar diarreia e flatulência. Cada organismo tem sua tolerância de consumo, mas recomenda-se algo em torno de 6 a 8 gramas por dia.
O FOS é muito utilizado nos Estados Unidos e em vários países da Europa. Já no Japão é empregado há mais de 20 anos. Ele pode ser obtido na forma de pó puro, em mistura com outros açúcares ou ainda em cápsulas. Geralmente é encontrado como ingrediente de produtos como barras de cereais, leite em pó, chicletes, sorvetes, biscoitos, doces e sucos, ou como complemento alimentar em produtos de alimentação infantil.
No Brasil, a variedade é bem mais modesta e praticamente se resume a fórmulas infantis ou complementos alimentares. E o que encarece muito o produto é o fato de ser importado. Porém, a Unicamp desenvolveu um novo processo para a produção do FOS com tecnologia totalmente nacional, o que poderá baratear – e muito – o produto. No entanto, ainda não há previsão de quando esta tecnologia entrará em escala industrial.
Vilão branco
O açúcar refinado branco – o mais usado no país – é cada vez mais apontado como o grande vilão das dietas saudáveis. Ele é comumente associado a graves problemas de saúde, como diabetes e obesidade, além de engordar e causar cáries. Mas essa é só a ponta do iceberg.
Consumido em excesso, o açúcar refinado contribui para depósito de gordura corporal; colabora para o envelhecimento precoce, pois provoca a perda de elasticidade dos tecidos; enfraquece dentes, ossos e o sistema imunológico; empobrece o aproveitamento e a fixação de nutrientes; e causa problemas digestivos.
“Infelizmente o açúcar branco refinado não contém nenhum valor nutritivo, apenas calorias”, aponta Dragone, que ainda lembra que uma colher de sopa de açúcar equivale a 125 calorias.
A Associação Americana de Cardiologia indica o consumo diário de açúcar de, no máximo, 100 calorias, ou seja, 25 gramas para mulheres, e de 150 calorias, correspondendo a 37,5 gramas, para homens. “O açúcar é tóxico e quando consumido em excesso, é armazenado sob a forma de triglicérides, aumentando o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares e depósito de gordura corporal nas vísceras, órgãos e sistemas”, afirma Passos.
Com tantas desvantagens assim, muitas pessoas têm procurado alternativas mais saudáveis. Além do extrato de agave e do FOS, os nutricionistas recomendam o uso de adoçantes ou stévia (adoçante de origem natural).
Para quem não gosta de adoçantes, Dragone sugere então o consumo do açúcar mascavo: “A escolha do açúcar mascavo ou orgânico é a melhor opção, pois é rico em nutrientes como cálcio, ferro, potássio, magnésio, fósforo, sódio, flúor e cobre. Também possui vitaminas como A, D, E, C e do complexo B”. Isso sem contar que é menos calórico: uma colher de chá tem apenas 15 calorias.
Alimentos industrializados são os vilões
do consumo exagerado de açúcar
UOL Notícias/ Saúde/ Alimentação/ Tatiana Pronin
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a ingestão de açúcar refinado não pode ultrapassar 10% do consumo diário total de calorias. Em uma dieta de 2.000 calorias diárias, por exemplo, o recomendável é não ultrapassar quatro colheres de sopa rasas de açúcar.
Os brasileiros, porém, consomem bem mais que o limite considerado saudável e um dos motivos é a quantidade presente nos alimentos industrializados. Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), que avaliou 2.000 moradores da cidade de São Paulo, revelou que mais de um terço dos adultos e 70% dos adolescentes consomem açúcar além do limite diário.
Na pesquisa, os refrigerantes foram os maiores responsáveis pelo excesso de açúcar consumido por adolescentes e adultos. “Uma lata de 350ml de refrigerante de cola, por exemplo, possui 33 gramas de açúcar (2 colheres de sopa). Só isso já é mais do que a metade do recomendado diariamente para uma dieta de 2000 calorias”, destaca a nutricionista Camila Torreglosa, do Hospital do Coração.
Além dos refrigerantes, alimentos industrializados como sorvetes, iogurtes e molhos são outros exemplos de produtos ricos em açúcar. Até salgados, como esfihas e pães-de-leite levam o produto na composição.
A especialista explica que o açúcar refinado é rico apenas em calorias provenientes de carboidratos. O produto perde fibras, sais minerais, proteínas e demais nutrientes em seu processo químico de refinamento. E o consumo em excesso do alimento está associado a doenças como obesidade, diabetes e até alguns tipos de câncer.
O açúcar mascavo é uma forma mais bruta que contém potássio, cálcio, vitamina C e ferro. Segundo Torreglosa, seria uma opção mais saudável, embora ofereça a mesma quantidade de calorias que o refinado (4 calorias por grama).
Pesquisa com 95 alimentos
detecta excesso de açúcar
Só para você ter uma idéia da real situação, um estudo recente realizado pela Proteste – Associação de Consumidores avaliou 95 alimentos industrializados e constatou que a maioria deles possui açúcar demais. Apenas seis itens analisados foram considerados com baixo teor de açúcar.
Boa parte dos produtos é voltada para crianças. “O Toddy chega a ter 70% de açúcar em sua composição. Ou seja, em um copo de leite com duas colheres de sopa do produto, consome-se o equivalente a três sachês de açúcar”, diz a entidade.
Alguns motivos para você
não exagerar no açúcar
1. Pode desativar o sistema imunológico e prejudicar a defesa contra doenças infecciosas.
2. Interfere na absorção de cálcio e magnésio e de proteínas.
3. Pode provocar um aumento rápido da adrenalina, da hiperatividade, da ansiedade, da dificuldade de concentração e da irritabilidade, especialmente em crianças.
4. Pode aumentar o nível total de colesterol e triglicerídeos.
5. Gera a perda de elasticidade e funcionalidade dos tecidos e, consequentemente, o envelhecimento precoce.
6. Pode aumentar o nível de glicose em jejum e levar, como reação, à hipoglicemia.
7. Pode gerar muitos problemas do trato gastrointestinal, como gastrite, indigestão e colite ulcerativa.
8. Pode causar uma queda na sensibilidade à insulina levando ao desenvolvimento de diabetes.
9. Pode originar aterosclerose e doenças cardiovasculares, e também contribuir para a osteoporose.
10. É um dos grandes responsáveis pela obesidade.
Fonte: Roche - Divisão de Diagnosticos para Pacientes e Profissionais de Saúde.