Como a ciência aborda o fenômeno da Vida após a Vida?
23/08/2014 05:25
Série: "A morte não existe" (parte 2)
*Wladimyr Sanches
O senso comum imagina que a ciência é infalível, que o ponto de vista da ciência é definitivo, indiscutível. A ciência caminha como se fosse um iceberg, em que os fatos aproveitáveis em determinado momento ou determinada circunstância, forma uma pequena ponta visível. A maior parte submersa constitui aqueles fatos que não são considerados “verdadeiros” no momento.
E por quê? Porque o cientista é antes de tudo um ser humano como outro qualquer, sujeito as mesmas vicissitudes, e até o seu próprio narcisismo exacerba determinados defeitos.
O cientista é, pois, um ser que foi treinado para ser um observador mais cuidadoso, que lança mão de algumas ferramentas de trabalho até agora apropriadas para seguir determinadas leis, mas que fundamentalmente refletem nos seus resultados as hipóteses que o próprio pesquisador fornece.
Em outras palavras: nós temos uma percepção da realidade totalmente fragmentada. A nossa realidade varia de ser para ser, porque é a função da nossa percepção.
E se a nossa realidade já é totalmente fragmentada, as nossas hipóteses também são fragmentadas, porque traduzem uma maneira particular de ver determinado assunto num determinado ponto.
Embora as minhas ferramentas de trabalho, as minhas equações matemáticas tenham um comportamento totalmente abstrato, elas não são mágicas. Cumprem as hipóteses que eu quero desde que aquelas hipóteses obedeçam as leis da física, as leis naturais.
É preciso entender também que a palavra Física, que vem do grego, origina-se de outra palavra, Natureza. Então a Física nada mais faz do que estudar os fenômenos da natureza, a Natureza que cada um de nós enxerga de um modo diferente conforme a soma de experiências de nossa Alma.
Daí o grande número de teorias, o grande número de discussões, o grande número de conflitos que se estabelecem; porque essa percepção é muito pessoal, muito pessoal mesmo, embora os ritos sejam em geral os mesmos para se chegar a determinada conclusão.
O que é Vida?
Existe grande número de definições sobre Vida. Mas nós vamos nos ater a vida humana, a chamada vida biótica, porque o nosso corpo na realidade é um sistema bioma, não vive sozinho; no corpo humano habitam protozoários, vírus, uma infinidade de outros seres vivos em constante processo de transformação. O nosso corpo é por isso um verdadeiro bioma.
Mas o que é Vida?
É o resultado de uma complexa reação química em cadeia, que partindo da síntese das proteínas e dos ácidos nucléicos, mediante transformações sucessivas, conduz a formação de mecanismos mais avançados, heterotróficos, que denominamos organismos, capazes de se reproduzir e de exercer atividades múltiplas, assentadas em movimento, pois a Vida é movimento, e que não são realizáveis por outros tipos de seres.
Este é um conceito mais geral de Vida biótica.
O que é morte?
O que seria a morte, então? Se a Vida é movimento, resultado de uma complexa reação química, a morte seria a ruptura do equilíbrio biológico, do equilíbrio dessas reações químicas e físico-químicas. Este é um conceito geral de morte.
Mas na definição, no conceito, e pela Vontade (não ditatorial) de Deus (o único e verdadeiro Criador do Tudo e do Todo), morte é essencialmente a desobediência aos Estatutos Divinos, Constituição de Deus que rege todos os Mundos de todas as Humanidades Siderais.
Experiências de quase-morte
Entramos agora nas chamadas Experiências de Quase-Morte, conhecida pela sigla de EQM. O que seria EQM? Chamamos normalmente de período de quase-morte, o tempo transcorrido entre o instante que o coração de uma pessoa cessa de bater, até o instante em que recomeçam os batimentos cardíacos.
Então nós temos um período em que o coração cessa de bater, e depois retorna. Esse instante de parada e de reinicio é chamado na Medicina de período de quase-morte.
As pessoas que passam por um período de quase-morte, narram fatos que perceberam nesse período; fatos esses variáveis caso a caso, mas que de um modo geral se mantém dentro de um mesmo espectro de comportamento. E esse espectro de comportamento dessas narrações se convencionou chamar de experiência de quase-morte.
Veja que a experiência de quase-morte está relacionada ao aspecto de parada do batimento cardíaco, e não a morte cerebral, que é realmente a morte final do corpo. Parada cardíaca é um tipo de morte parcial, não é a morte total.
A morte total é a morte cerebral, porque é o cérebro que controla todo esse complexo sistema de reações físico-químicas do qual o nosso organismo necessita para sua sobrevivência.
Relatos de EQM
Vejamos alguns relatos de quase-morte.
No primeiro tipo consideramos a sensação de se sentir morto; é um tipo de relato.
Outro é a sensação de paz, de alívio de dores físicas.
Terceiro tipo de relato seria a existência de outro corpo.
Quarto tipo, passagem por um túnel de luz, subindo por uma escada, passando por um portal, ou atravessando um lago; ou seja, uma passagem de um lugar ao outro.
Quinto tipo de relato seria o encontro da pessoa com seres conhecidos, pessoas que já faleceram.
O sexto, rememoração de experiências ou recapitulação de fatos já vivenciados.
O sétimo seria uma ascensão espacial rápida, ou seja, a pessoa se sente deslocando pelo espaço com uma grande velocidade.
O oitavo, a relutância que essa pessoa sente em voltar novamente ao seu corpo.
E o novo, o contrário, seria o desejo de um retorno imediato ao corpo físico.
Esses relatos são de pessoas que passaram por EQM ou vivenciaram essas experiências durante este período de quase-morte.
A visão espiritualista sobre a EQM
Segundo os espiritualistas sérios – que admitem a existência de Deus e a imortalidade da Alma – essas são comprovações de que a pessoa passou para uma Outra Vida, e depois retornou a essa vida. Seria, portanto a prova de que existe Vida depois da “morte”.
A visão dos neurologistas sobre a EQM
O que será que os médicos neurologistas pensam a respeito disso?
De modo simplificado, os neurologistas informam que durante o período de quase-morte, ou seja, durante o período em que o coração cessa de bater, o cérebro do paciente fica afetado por situações estressantes, geradas pelo pânico que a sensação de morte produz, e pelos efeitos também das drogas químicas provenientes do processo de anestesia.
Esses efeitos seriam, segundo os neurologistas, conseqüência da ação do instinto de sobrevivência.
E em função desses argumentos, os médicos mostram que usando determinadas drogas e anestesias, principalmente a anfetamina – droga que entra na composição de muitos anestésicos comumente usados –, todas essas nove sensações de EQM são produzidas, sem que o indivíduo tenha qualquer parada cardíaca.
Para o neurologista todas essas situações refletem um estado de estresse cerebral. Então nós temos dois pontos de vista para o mesmo fenômeno.
Qual deles está certo?
Não temos ainda argumentos sólidos, científicos, para dizer que é este, ou é aquele. Temos esses relatos.
Uma amostragem interessante
Eu fiz algumas entrevistas com alguns neurologistas e alguns psicólogos que trabalham em UTIs, Unidades de Terapia Intensiva, de quatro hospitais da cidade de São Paulo (SP), coletando informações sobre essas experiências de quase-morte.
Esses dados não são uma representação estatística, porque o critério de amostragem não foi uniforme; foram relatos de profissionais que ouviram. E a gente sabe que na prática quem ouve um fato, acrescenta um pouco, e de tal modo que as informações podem ser consideradas totalmente subjetivas.
Mas o interessante é que elas formam um aspecto, um corpo visual, que é interessante como informação.
Encontro com seres humanos que já morreram amigos ou familiares:
– “Eu vi a vovó”, “vi o papai”, “vi a mamãe”, “vi minha amiga de infância”, “vi meus parentes”. Isso é unânime nas crianças; todas as crianças relataram encontro com outros conhecidos nesse período de quase-morte; nos adolescentes também, e na velhice.
– 35% dos indivíduos entre 20 e 40 anos de idade, narram encontro com pessoas realmente conhecidas, recapitulação de fatos já vivenciados.
– 100% dos adolescentes que entraram na minha pesquisa relataram que recapitularam nesse período de quase-morte fatos de sua vida. E os idosos também.
Mas isso tem até uma explicação lógica: viveu mais, recorda mais.
Entretanto, no período considerado infância, que vai até os 12 anos de idade, só 15% afirmam que nesse período de quase-morte revivenciaram fatos de sua vida.
Mas como isso é possível? Pensei. Uma criança?
Se elas viveram pouco no corpo físico, não têm o que recordar.
Então esses dados, embora não sejam científicos do ponto de vista estatístico, mostram que se podem tirar algumas reflexões dele.
Interessante também aquela sensação de uma ascensão rápida, de se liberar do corpo, sair do local onde o corpo está prostrado, e ir para o espaço. Não é unânime esse relato. O percentual maior é descrito pela infância e pela maturidade, e chega a 30%.
Ao contrário da relutância em voltar ao corpo, a narração daqueles que relutaram em voltar ao seu corpo, que sentiam o corpo, mas relutavam em voltar a ele, atinge 100% dos adolescentes e 78% na velhice. São os dados mais significativos.
Os adolescentes relutam em voltar de uma EQM?
Outro dado interessante. Por que será que o adolescente relutou em voltar? Todos não tinham a mínima vontade de voltar ao corpo. Será por se sentirem totalmente incompreendidos, e que a vida não tem nenhum significado para eles?
Embora não possam ser considerados dados de pesquisa propriamente dita, ao contrário, o desejo de voltar rapidamente ao corpo, só foi demonstrado pelo pessoal da alta produtividade. Até parece aquela situação: “Gente, não posso perder tempo; tenho que voltar ao trabalho”. Fatos assim.
Todos temos uma fase da vida que só estamos preocupados em construir alguma coisa que julgamos necessária; e construir a toda velocidade: “Não posso perder tempo”.
Embora os físicos insistam em dizer que o tempo é uma ilusão, sabemos que não é bem assim. A gente sente o efeito prático do tempo tanto no nosso corpo, quanto na nossa Alma. Daí a vontade de retorno imediato; querer voltar imediatamente.
E veja que interessante: As crianças, nenhuma delas tinha vontade de voltar, segundo o que apurei. Então se sentem muito bem, porque “vêem e sentem” que voltarão para um lugar assim, assim.
Agora o que se pode concluir disso tudo? O próprio nome diz: são sensações, sensações baseadas no conceito de vida que cada ser humano tem.
Será que temos o mesmo conceito de vida? Será que somos iguais em inteligência, discernimento, entendimento, razão, consciência?
Evidentemente que somos totalmente diferentes uns dos outros, mas sabemos no mais íntimo de nosso ser que todos temos um ponto em comum, uma origem comum, ainda que estejamos em degraus diferentes no plano da consciência desse todo.
E são essas diferenças que nos tornam individualidades, colocadas na condição humana para superarmos as adversidades.
Esses fatos, embora, volto a insistir, não tem caráter científico, não podem ser considerados realmente dados científicos no sentido exato da ciência até agora praticada, no sentido do método científico, que neste caso não foi seguido, mas são dados que nos levam a meditação de determinadas coisas. E às vezes a meditação é mais importante que o próprio dado concreto da ciência.
Se considerarmos e tivermos sempre em mente que a nossa realidade é totalmente fragmentada enquanto estamos no corpo físico, às vezes a meditação é até mais importante do que tentar ver uma coisa que nós já sabemos, de antemão, que é passageira.
Aí nós perguntamos? Tudo é subjetivo?
Existe uma maneira da Ciência explicar ou da Física explicar algum conceito que possa nos levar a alguma compreensão do que é a vida pós-morte ou se existe vida pós-morte?
É o que a evolução moral da humanidade desvendará, e já está perto disso, muito perto mesmo.
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