Núpcias ou acordo entre o casal?
20/08/2014 06:17
"Meu bem!"
Diante do altar, não há cena religiosa mais comovente do que o momento em que o sacerdote pede aos noivos que digam publicamente que ficarão juntos para sempre, mesmo diante das adversidades que inevitavelmente terão de enfrentar ao longo da relação.
A confissão pública é forte e tão emocionante que provoca nos parentes mais próximos lágrimas de emoção. Mas, deixando por um pouco o ritual, convenhamos que isso tudo é simbolismo, e essa declaração tão especial não passa de uma promessa de quem ainda não sentiu o peso vibracional dos acontecimentos que lhes baterão à porta.
O que existe na vida real, mesmo, é outra coisa, bem diferente. O que manterá (ou não) essa relação matrimonial nasceu muito antes, talvez no primeiro beijo, ou até antes, no mundo espiritual, antes de reencarnarem na terra (Mateus 16: 28; Marcos 9: 1; Lucas 9: 27; e João 3: 3 a 15), porque a carne é apenas o revestimento do Espírito, quando vivendo na Terra como ser humano” (DERD, Vol. III, página 172, 1ª edição, Paiva Netto, Editora Elevação.) Isso envolve sentimento, carinho, afeto, seriíssimo compromisso.
"Meus bens"
À rigor, o que faz com que as pessoas cheguem ao altar e se mantenham juntas depois que descem dele é um contrato, um grande acordo.
Qual é a diferença entre a promessa diante do sacerdote, no altar, e esse mútuo consentimento? É que o casal se ama, quer que a relação dê certo, e que ela dure para toda a vida e, se póssível, além dela. Por isso da importancia que esse acordo entre o casal seja definido desde o início do sentimento.
"Vamos discutir a relação?"
O sucesso de um relacionamento pode ser medido pela clareza das normas de seu acordo, e pelo interesse das partes envolvidas em segui-lo. Esse acordo pode sofrer reajustes, porque isso é da natureza da vida. Não chega a ser um problema. Se, em algum momento da vida a dois, uma das partes deixar de seguir o acordo da maneira como ele foi preestabelecido, pode ter certeza de que haverá ali uma ruptura, a mais das vezes muito dolorosa para ambos e, pior, para o fruto desse casamento que são os filhos.
Cláusulas pequenas são fáceis de serem adaptadas a novos cenários. O que um acordo não pode perder é sua essência, o respeito, o amor, a compreensão, a atenção, porque é aí que está a sua solidez, sua confiabilidade. Todo mundo muda, e é normal que os acordos sejam revistos de tempos em tempos.
“Vamos discutir a relação?”
O que eles não podem é ser anulados, como se nunca tivessem existido. Isso não dá. Por isso a proteção da lei.
Entre a emoção e a razão
Desde que o mundo é mundo se discute qual é o elemento que define se um relacionamento será bem sucedido, a razão ou a emoção. E será assim sempre, já que esta é uma discussão sem vencedores. Fica a discussão: vale a pena viver um cotidiano de previsíveis emoções ou uma vida intensa cheia de altos e baixos? Nos acostumamos a viver esse dilema. Somos obrigados diariamente a fazer escolhas em que razão e emoção se contrapõem, e isso gera sempre aquela angústia: ‘como teria sido minha vida se eu tivesse feito uma escolha diferente?’
É chato viver assim. É bom tomar decisões e assumir as responsabilidades que advêm delas. Seria caótico se todo mundo vivesse em função ‘do que teria acontecido se algo fosse diferente’. Teríamos inúmeras realidades paralelas, já que toda decisão gera um número de consequências igualmente e infinitamente variáveis.
É importante ficar com quem você gosta, é óbvio, mas também é importante ficar com alguém que gosta de você. Desde que o mundo é mundo, nosso objetivo é procurar uma pessoa que preencha esses requisitos, porque “o amor é todo o encontro da vida; a vida sem amor não vale nada”.
Tudo feito de "papel passado"
ou apenas ficar juntos?
Apesar de todas as formalidades, não há nenhuma evidência de que esse acordo matrimonial precise ser registrado em cartório. A legislação brasileira em vigor protege homens e mulheres, assim como os seus descendentes, independente do registro contratual de uma união entre casais. Ele pode ser verbal, sentimental, espiritual, sensorial também.
No entanto ninguém é feliz porque se casou, ou infeliz porque deixou de se casar. A satisfação pessoal reside na perfeita sintonia com os Desígnios Divinos, isso é que faz uma criatura feliz, totalmente realizada. Basta que o acordo exista e seja respeitado por ambas as partes. O resto é promessa, embora nunca afaste de nós a satisfação, a felicidade de confirmá-lo numa bela cerimônia religiosa, junto às pessoas que amamos e respeitamos, e de preferência no aconchego de um templo da nossa mais sagrada devoção.