O cérebro também precisa de exercícios regulares
Tenha uma boa memória no seu dia a dia
Pesquisas recentes têm mostrado que é possível sempre melhorar a nossa saúde mental. À medida que vamos envelhecendo, por vezes, deixamos as atividades de aprendizagem de lado, o que prejudica aos poucos a capacidade de processar e lembrar informações.
E é sobre isso que iniciamos mais esse artigo. Recomendo a você lê-lo e a analisá-lo também.
O neurocientista e especialista em psiquiatria, professor doutor Rogério Arena Panizzutti, da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, explica que o auge de nossa capacidade ocorre por volta da terceira década de vida.
professor doutor Rogério Arena Panizzutti
"Até os 27 anos, há uma melhora das funções cerebrais, a gente se torna mais capaz de lembrar coisas, de prestar atenção, de identificar estímulos, coisas no nosso campo de visão. A partir daí, algumas funções cerebrais começam a declinar."
Essa alteração, segundo o cientista, se tornará relevante mais tardiamente.
"Começamos a ter alguma dificuldade por volta da quinta e da sexta década de vida, quando fica mais difícil lembrar das coisas; a gente observa uma certa lentidão nos processos cerebrais."
Para tentar frear esse processo, estudiosos de todo o mundo procuram desenvolver formas de manter a boa atividade cerebral.
O próprio dr. Panizzutti, especialista no assunto, trabalha com a neuroterapia cognitiva, método que trouxe para o Brasil depois de participar, em 2010, de estudos sobre o tema na Universidade da Califórnia, em San Francisco, Estados Unidos.
Ele explica que não existe evidência de que as células cerebrais estejam morrendo e argumenta: "Elas podem estar se redirecionando, mudando de característica". O neurocientista atribui a isso os bons resultados obtidos pelo método.
"Estudos em animais, com exercícios similares, análogos aos da neuroterapia cognitiva feita com pessoas, mostram que eles tiveram a capacidade de recuperar parcialmente esses tipos de neurônios."
O estudioso cita a recuperação observada nos ratos idosos submetidos à neuroterapia.
"Eles ficam mais próximos da situação que havia quando o animal era mais jovem. Esse é um dado bastante interessante, porque mostra que temos a capacidade de restabelecer não somente a função, mas também o estado anterior às alterações estruturais do cérebro, observadas com o envelhecimento."
Para o cientista, os resultados são animadores, afirma.
"Em um estudo realizado nos Estados Unidos, com mais de 500 pessoas, observou-se que a média de rejuvenescimento das funções cerebrais foi em torno de 10 anos; houve pessoas que rejuvenesceram 15 anos".
O método consiste em trabalhar os princípios da neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de modificar-se perante estímulos.
"Você faz exercícios, por exemplo, para identificação de algum som, dentre outros sons; identifica algum objeto no seu campo visual, no meio de outros objetos, e isso é feito dentro de um processo de alto número de repetições, com bastante envolvimento da sua atenção."
Para certas doenças do cérebro, a terapia pode ter função análoga à fisioterapia. Escalrece o especialista:
"Algum tipo de lesão, de declínio associado, por exemplo, à depressão, a doenças como a esquizofrenia, ao transtorno bipolar do humor, podem ser beneficiados. (...) No caso da doença de Alzheimer, existem evidências de que pode haver alguma recupe-ração nos estágios bem iniciais, que chamamos de déficit cognitivo leve".
Para quem está interessado nessa nova terapia, o neurocientista Rogério Panizzutti informa que já há empresas empenhadas em aplicar o método e suas ferramentas no Brasil. Nesse caminho, é fundamental o auxílio de profissionais adequadamente treinados e com conhecimento sobre a neuroterapia, para que o paciente possa ser orientado corretamente, completa:
"Existe uma linha que se chama Cérebro Melhor. No website há alguns exercícios que estão disponíveis; não são os que eu trabalhei na Califórnia, mas são semelhantes".
O dr. Rogério Panizzutti recomenda atividades que favoreçam o bom funcionamento do cérebro. Por meio de ações simples, a pessoa pode estimular o raciocínio, o aprendizado e a memória, entre outras funções cognitivas, e assim combater o eventual declínio das células do cérebro.