Relacionamentos na era digital: vínculos virtuais ou eternos?

20/08/2014 05:36

Thaís Afonso, jornalista.

 

            Hoje, com as novas tecnologias da informação, temos visto surgir inúmeras possibilidades de relacionamento entre as pessoas. São chatse-mails, redes sociais, sites de conversas instantâneas.

 

            Conectado pela internet, o melhor amigo de alguém pode viver a milhares de quilômetros de distância. As ferramentas de comunicação são muitas, mas elas representam maior proximidade, vínculo e confiança entre aqueles que usufruem de seus benefícios?

 

            Primeiramente, é preciso refletir que aquele que utiliza o computador é formado por átomos, não constituído por bits (menor unidade de informação que pode ser armazenada ou transmitida pela rede de computadores), ou seja, a pessoa com a qual nos comunicamos pelo universo digital é real e não virtual, como muitas vezes se pode supor. O diálogo é estabelecido entre as partes por um suporte virtual, mas a conversa não é de mentira.

 

            E, depois, temos visto que as revoluções comunicativas (fala, escrita, imprensa, por exemplo) provocam mudanças nos hábitos de convívio social. O ditado popular diz que "quem tem boca vai a Roma". Sim, realmente. Mas, hoje, com a internet, a pessoa chega muito mais rápido e de forma mais econômica.

 

            O meio/veículo de comunicação, seja ele jornal, rádio, celular ou mesmo o computador, promove a interação entre emissor e receptor (a pessoa que envia e a que recebe a mensagem), porém, a responsabilidade sobre o conteúdo é uma atribuição daquele que a emite.

 

            Não podemos "culpar" o avanço científico que nos proporcionou uma comunicação global instantânea por ele ser utilizado para difundir informações irrelevantes, superficiais ou falsas.

 

                 Para nossa reflexão, este pensamento instigante: "A tecnologia supera barreiras. A internet é um exemplo. Mas quando veremos a Solidariedade desenvolver-se à sua frente, de forma a iluminar os seus caminhos?" (no livro Paiva Netto — Crônicas e entrevistas, p. 206).

 

            É preciso que tenhamos coragem para assumir o nosso papel diante do uso das ferramentas que nos são oferecidas, para promover o Bem, compartilhar boas práticas, renovar nossas esperanças em um mundo de Paz.

 

            Podemos recorrer às nossas potencialidades, para que possamos transformar nossos comportamentos para melhor. E, desta forma, fazer com que o progresso tecnológico seja também acompanhado de nosso desenvolvimento ético, moral e espiritual, em humanidade.



Perfeitos imperfeitos

 

            Muitas vezes, na internet, podemos incorrer na tentação de criar um "personagem", um "eu aprimorado", "perfeito", que reflita justamente os padrões do que "deveríamos" ser, com as características padrões que deveríamos ter para nos representar no ambiente digital. A "segurança" do anonimato na web favorece a ilusão. Devemos tomar muito cuidado com isso, pois a chance de magoarmos alguém ou a nós mesmos é grande.

 

            O sempre por mim lembrado escritor brasileiro Paiva Netto, aos 18 anos, escreveu em seu site oficial uma página intitulada Razão e Fascínio, que considero oportuna para a nossa reflexão sobre o tema proposto. "Resumindo: o primeiro, o de Vontade Boa, guia-se pela razão iluminada por Deus; o segundo, o de vontade negligente e que não conheceu a verdadeira iniciação espiritual, deixa-se dominar por fascínio. É um triste escravo do medo".

 

            Ora, fazendo minhas as palavras dele, digo com muito bom orgulho que nós, os jovens, somos a esperança. Significamos todo o dinamismo e a renovação de que o mundo precisa. Sem gente moça, não há futuro. É preciso, contudo, que se nos deem opções em Deus. Caso contrário, poderemos buscá-las nos erros, que levam às frustrações. (...) O jovem é o futuro, sim, mas não o futuro longínquo, tipo quanto mais distante, melhor, como desejariam alguns equivocados. Fraternalmente, sugerimos: O jovem é o futuro no presente.

 

            Ou seja, se não quisermos cometer "erros que nos levem a frustrações", precisamos ter coragem de conduzir nossas atitudes com acerto e verdade. Tratar nosso semelhante com a mesma sinceridade com que almejamos ser correspondidos.

A transição dos relacionamentos virtuais para o universo, que muitas vezes denominamos "real", será o que fizermos dele. Se construído pelo diálogo, respeito mútuo e amor ao próximo, resulta em motivo de realização e felicidade. Do contrário, gera mágoas e sofrimentos.

 

            Mas, em ambos os casos, os vínculos são para a eternidade, uma vez que somos espíritos eternos. E vale dizer, tenhamos plena consciência de que o mundo físico não mais evoluirá sem o auxílio flagrante do Mundo Espiritual. Eis o grande ensinamento que as nações aprenderão no transcurso deste Terceiro Milênio; e que, logicamente, nossas ações nos acompanham para além do fenômeno chamado “morte”, pois a Vida prossegue além dela. (Leia mais no https://www.paivanetto.com/index.php/pt/artigo?cm=46870&cs=28)