Da amamentação ao desmame: conheça os hábitos alimentares do bebê

            A alimentação das crianças é tema cada vez mais comum nas escolas, nos centros comunitários, nas empresas, abordado por médicos especialistas, por nutricionistas e naturalmente pelas famílias.

            A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno como alimentação exclusiva dos bebês até os seis primeiros meses de vida, além da continuidade do leite materno no sustento até os dois anos de idade ou mais, desde que complementado por outros alimentos adequados à nutrição da criança.

            Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que já nos seis primeiros meses de vida há introdução precoce de outros líquidos na alimentação do recém-nascido, a exemplo da água, dos chás, dos sucos e de outros tipos de leite. Além dessas bebidas, foi constatada a ingestão de alimentos não saudáveis, como biscoitos, refrigerantes e até café, por crianças com menos de 12 meses de vida. O levantamento foi feito em 27 capitais e em outros 239 municípios do Brasil e fazem parte da 2ª Pesquisa de Prevalência do Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal.

            A nutricionista Denise Pontes Vale, apresentou uma série de orientações consideradas por ela indispensáveis na fase em que a alimentação do bebê passa a ser variada, ainda complementada pelo leite materno, o alimento eficaz dos bebês, segundo a especialista.

            "É o leite que tem as proteínas, as gorduras, e a vitamina C exatas para o bebê. Tem fatores imunizantes que vão proteger a criança pela vida toda", orienta.

            O desmame da criança que só se alimenta no peito deve ser feito aos poucos; é quando os outros alimentos começam a fazer parte da dieta do bebê. "Nesse momento a orientação do pediatra é fundamental, porque, até os dois anos de idade, o sistema imunológico da criança é imaturo. Por esse motivo, não é todo alimento que pode ser oferecido ao bebê", esclarece.

            Denise Pontes Vale recomenda ainda que amendoim, chocolate, ovo e camarão devem ser evitados até esse período. "O ovo, por exemplo, deve ser inserido na dieta da criança de forma gradativa. Primeiro, a criança deve ser acostumada com a gema; e, depois de um tempo, com a clara."

            A nutricionista alerta para o excesso de sal no preparo dos alimentos. "Muito cuidado com a quantidade de sal na comida que você oferece para a criança. Esse cuidado começa desde cedo e evita problemas futuros", disse.

            Denise reforça que o hábito de sentar à mesa para se alimentar com os pais é fundamental. "Nessa hora, os pais não devem se importar que a criança pequena pegue os alimentos, principalmente quando eles são coloridos. Por serem atrativos, é natural que elas queiram conhecer", aconselha. Respeitar o horário das refeições ajuda a disciplinar as crianças e facilita a digestão. 

No Brasil, aleitamento materno exclusivo

só atinge 41% dos bebês menores de 6 meses 

            Apenas 41% dos bebês menores de seis meses no país são alimentados exclusivamente com leite materno, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A taxa é semelhante à média global calculada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O aleitamento materno exclusivo constitui uma estratégia eficaz na redução da mortalidade infantil entre crianças menores de cinco anos.


            De acordo com a diretora-geral assistente da OMS, Flavia Bustreo, a introdução ao leite materno logo nos primeiros dias de vida do bebê, o regime exclusivo nos primeiros seis meses e a permanência do alimento na dieta até pelo menos os dois anos de idade podem reduzir em um quinto a morte de menores de cinco anos.

            O Ministério da Saúde informa que está promovendo campanhas de conscientização da sociedade para o fato de que, apesar do aleitamento materno ser um ato natural, o hábito precisa de apoio de todos: da família, dos profissionais de saúde, dos empregadores, entre outros. Por isso lançou no mês de agosto de 2011 o “Guia dos Direitos da Gestante” em conjunto com o “Programa das Nações Unidas para a Infância (Unicef)”. A publicação é voltada para a capacitação de agentes multiplicadores com a função de transmitir informações sobre o direito das mães à amamentação.


            Por sinal, um dos Objetivos do Milênio ratificados pelo Brasil é reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a mortalidade infantil entre crianças menores de cinco anos de idade. De acordo com a OMS, o aleitamento materno exclusivo pode reduzir em até um quinto as mortes nessa faixa etária.

            Segundo autoridades do Ministério da Saúde, “o leite materno é tudo o que o bebê precisa até os seis meses. É um alimento de fácil digestão, que funciona como vacina, protegendo a criança contra doenças como a diarreia, as infecções respiratórias e as alergias.

            Para as lactantes, a amamentação contribui para a perda de peso após o parto e ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, reduzindo o risco de hemorragia e de anemia. O aleitamento materno também diminui as chances da mulher desenvolver diabetes, câncer de mama e de ovário. 

Pesquisa revela que leite materno

previne problemas comportamentais no bebê 

            Uma pesquisa com dez mil mães, realizada na Universidade de Oxford, na Inglaterra, concluiu que crianças amamentadas durante quatro meses ou mais desenvolvem menos problemas de comportamento. A pesquisa sugere que o benefício seria resultado da grande interação entre mãe e filho(a) neste período.

            Segundo explicou a pediatra Keiko Miyasaki Teruya, integrante do Comitê Nacional de Aleitamento Materno e da Sociedade de Aleitamento, da Associação Brasileira de Pediatria, "isso acontece porque, na composição do leite, existem aminoácidos, uma substância muito importante para a maturação e o desenvolvimento do sistema nervoso central. Isso possibilita às crianças amamentadas um crescimento pleno de sua inteligência, o que não ocorre com as crianças que não foram amamentadas. O leite industrial não possui substâncias como os aminoácidos, capazes de promover um bom desenvolvimento cerebral ", destacou.

            A recomendação conjunta da Organização Mundial de Saúde, do Unicef e do Ministério da Saúde a todos os pais é que as crianças sejam amamentadas de maneira exclusiva [com leite materno], por seis meses; e em concordância com alimentos saudáveis, adequados e seguros até dois anos ou mais, período que chamamos de lactente, em que o leite humano é muito importante para a criança.

              A doutora  Keiko Miyasaki Teruya conclui, explicando ainda, que o leite materno possui os chamados fatores de reprodução, substâncias que não são encontradas nos leites artificiais, cujo fator de proteção é zero.”

 

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