No intuito de promover a reflexão sobre atitudes imprudentes no trânsito, esse artigo de caráter mais informativo, é um suplemento de outros que eu escrevi, analisando o caráter motivacional de tanta selvageria nas vias brasileiras, e a problemática da mobilidade urbana, coisas da qual nem os mais instruídos e inteligentes do mundo escapam, quando assumem a direção de um veículo automotor.
Eu tenho me feito essa pergunta ao longo dos anos, principalmente quando fui convencido por colegas de trabalho a tirar a minha carteira de habilitação: "Por que cidadãos 'respeitáveis', quando assumem o volante de um veículo automotor, comportam-se como 'inimigos da humanidade?'".
Quem tem uma Carteira da Habilitação para conduzir veículo automotor de qualquer categoria sabe que, a exemplo de outros países, no Brasil estamos lidando com uma epidemia no trânsito, negligenciada pelas autoridades, não raro envolvidas também nesse rolo quando pegam ao volante.
Os sintomas são facilmente identificados a olho nu: desrespeito a vida, desrespeito a sinalização, má formação psicotécnica do condutor, excesso de velocidade, fadiga, sono, consumo de drogas lícitas e ilícitas, negligência, imprudência e imperícia, manutenção precária do veículo, pistas impróprias, corrupção, falta de fiscalização e vistoria. As estatísticas e o panorama conflituoso da mobilidade urbana das grandes cidades e também das estradas do país contradizem fortemente os programas de prevenção e o Código Nacional de Trânsito.
Travessia de pedestres em semáforo
As competências, embora essenciais, não são suficientes. Estes são os chamados “agentes desencadeadores de acidentes”. O conhecimento e a consciência são ferramentas insubstituíveis que produzem a diferença para um trânsito humanizado e seguro. Assim, é fundamental que o órgão público esteja sempre presente, não somente sinalizando, fiscalizando, vistoriando viaturas e organizando os deslocamentos, mas também preparando os personagens (professores, motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres) que utilizam o espaço viário, tornando suas atitudes mais solidárias no trânsito.
Reconhecendo-os eu como efeito de um agente causal verdadeiro chamado “ignorância da Lei Divina com o conseqüente desrespeito a Vida”, lamento tornar-me repetitivo, mas a sociedade ainda não consegue atuar de maneira marcante para reeducar os condutores (que estão atrelados a essa mesma sociedade) e por fim acabar com o assustador número de mortos e mutilados no trânsito, que além de improdutivos geram alto custo de tratamento para as suas famílias e para o estado.
Abro parênteses para um interessante artigo do jornalista José de Paiva Netto. Ele faz menção a campanha: Vá sem pressa, faça uma prece!, criação e desenvolvimento da Legião da Boa Vontade, LBV.
"Sempre tenho chamado a atenção das pessoas para que tomem cuidado com o trânsito nas estradas e nas metrópoles. Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832), famoso escritor e pensador alemão disse certa vez que a morte é, de certa forma, uma impossibilidade que, de repente, se torna realidade. Realmente, a maioria das pessoas não pensa que um dia terá de passar desta para melhor ou para pior, de acordo com o seu comportamento na Terra.
A frase de Goethe reflete com admirável precisão a maneira como muitos encaram a morte. E não resta dúvida de que essa visão é especialmente comum entre os jovens, cuja inexperiência aliada a um arrebatamento natural como que lhes confere um sentimento de onipotência e imortalidade. E esse sentimento, por ser extremamente enganoso, tem muitas vezes consequências terríveis.
As mais notáveis e perversas se fazem ver no alto índice de envolvimento de jovens em acidentes de trânsito no mundo inteiro. Desastres do tráfego já são a principal causa de morte nessa faixa etária, fazendo mais vítimas do que a aids ou outras doenças ainda incuráveis.
Não adianta dispor leis para os seres humanos. É preciso prepará-los para a Lei. O Código de Trânsito já existe. Todos sabem que têm de utilizar o cinto de segurança, diminuir a velocidade e respeitar sinais e faixas. No entanto, por que muitos não cumprem essas normas? Talvez porque não valorizem a própria existência.
A campanha da LBV: Vá sem pressa, faça uma prece!, visa à conscientização de motoristas e pedestres, para que venham a acatar as leis de trânsito por Amor à sua vida e à dos semelhantes.
Fica aqui, portanto, a nossa contribuição para o fim da violência no trânsito, de forma que a velocidade irresponsável ainda existente nas ruas se sublime em atos cada vez mais velozes de socorro às pessoas em situação de pobreza e de respeito a todos. Eis o nosso lema: Educação e Cultura, Alimentação, Saúde e Trabalho com Espiritualidade Ecumênica também no trânsito.
LBV — trânsito livre para a Vida
Educação e trânsito
Lamentavelmente, poucos refletem no fato de que, no Brasil, o trânsito tem feito, por mês, um número maior de vítimas do que muitas guerras. Boa parte desses casos não ocorreria se motoristas e pedestres fossem mais prudentes e observassem dicas simples ao conduzir um veículo ou ao atravessar uma rua. Atitudes iguais a essas evitariam o sofrimento de milhares de famílias e o prejuízo que, todos os anos, é superior a R$150 milhões, gasto que o País tem em consequência dos acidentes de trânsito.
Por isso, é fundamental:
— não dirigir cansado, sob a influência de emoções ou sob efeito de bebidas alcoólicas e/ou de qualquer substância entorpecente;
— não trafegar acima dos limites de velocidade;
— usar constantemente o cinto de segurança;
— conhecer bem o veículo que se dirige e mantê-lo em boas condições de funcionamento;
— desenvolver uma direção defensiva, prevenindo, dessa maneira, acidentes; e
— levar as crianças até 10 anos de idade no banco traseiro do carro.
A conscientização é o primeiro passo para o fim da "guerra" nas estradas e ruas brasileiras. Para isso, é muito importante, acima de tudo, que a Boa Vontade esteja presente entre motoristas e pedestres.
Eis o nosso recado. Vivamos, todos nós, em paz no trânsito."
Educação continuada
para o trânsito
Retomo a questão, analisando-a agora pelo prisma da educação continuada.
Concordo com as autoridades que defendem a realização continuada de palestras, cursos e treinamentos voltados ao público em geral, principalmente para os professores, empresários do transporte, motoristas, taxistas, motociclistas, motofretistas e ciclistas, a fim de propagar a idéia de que, somente com pessoas conscientes, agindo em prol da coletividade, se terá segurança nas rodovias e estradas fora do perímetro urbano, e mobilidade urbana dentro das cidades com uma consequente melhoria da qualidade de vida.
Exigir das Escolas de Formação de Condutores ações práticas nas ruas para a ampliação do conceito que o candidato a condutor deve ter de Educação para o Trânsito através também de estudos e pesquisas do comportamento do usuário na via pública, é fundamental.
As atividades e programas promovidos e desenvolvidos a partir do conceito de que a mobilidade dentro e fora do perímetro urbano tem de ser feita dentro de princípios éticos e técnicos, de modo que o deslocamento humano dentro de um veículo automotor seja seguro, contribui para a paz no trânsito, fortalece o sentido prático de cidadania e, de forma integrada, coopera com as questões relacionadas à inclusão social, acessibilidade, segurança, meio ambiente, saúde pública, entre outros.
Entre as medidas necessárias defendidas pelos estudiosos do tema, de modo que haja uma redução considerável do crescimento geométrico dessa guerra no trânsito, estão: educação continuada; doutrinamento e conscientização; melhor formação incluindo adversidades; estabelecer limites de velocidade; sinalização eficaz; fiscalização; combate veemente as infrações; vistoria geral; manutenção continuada de veículos e vias; simplificar e desburocratizar os ritos judiciais para fins de julgamento, sansão imediata e severa.
Avenida Prestes Maia, em São Paulo-SP.
Nunca será demais esclarecer que os sinais de trânsito são usados para orientar, advertir e disciplinar a circulação dos elementos do trânsito ao longo das vias. Por isso eles obedecem a uma padronização, pois sempre que houver necessidade, as vias deverão ser sinalizadas, com a utilização da sinalização padronizada prevista no Código de Trânsito Brasileiro.
É fundamental que todo cidadão saiba que ele tem o dever de conhecer, proteger, respeitar e obedecer a sinalização de trânsito, e tem o direito a vias sinalizadas e seguras, claramente expresso em alguns artigos do Código de Trânsito. A sinalização deverá ser colocada onde seja facilmente visível e legível, tanto de dia como à noite, em distância compatível com a segurança.
Outra coisa é a visibilidade. A lei proibe colocar luzes, anteparos, construções, vegetação, publicidade e inscrições, que possam confundir, interferir ou prejudicar a interpretação ou a visibilidade, comprometendo a segurança do veículo, do condutor e de seus ocupantes. Por isso, nenhuma via poderá ser aberta ou reaberta enquanto não estiver completa e devidamente sinalizada.
As penalidades das infrações de sinalização, não serão aplicadas aos condutores se a sinalização for inexistente ou deficiente, isso porque a responsabilidade é do órgão com jurisdição sobre a via, que deverá sinalizá-la, podendo ser responsabilizado em caso de insuficiência, falta ou erros de sinalização.
Como classificar e
identificar sinais de trânsito
E de que forma você classifica a sinalização? Simples.
– Sinalização vertical: os sinais viários, normalmente placas, estão fixados na posição vertical, ao lado da via ou suspensos sobre ela. Transmitem mensagens através de legendas ou símbolos pré-estabelecidos. A sinalização vertical, de acordo com a sua função, pode ser:
a) de Regulamentação: Informam as proibições, obrigações ou restrições.
b) de Advertência: São colocadas antes dos perigos das vias, alertando os condutores e pedestres.
c) de Indicação: Tem caráter informativo ou educativo.
– Sinalização Horizontal: Estes sinais se apresentam ao condutor, pintados ou desenhados sobre o piso, na posição horizontal, na forma de faixas, símbolos ou inscrições. Servem para orientar a circulação e direcionar o fluxo de veículos e pedestres, e para complementar a sinalização vertical.
– Dispositivos Auxiliares: Estes dispositivos aumentam a visibilidade dos sinais e chamam a atenção para obstáculos no local.
– Sinalização Semafórica: São sinais luminosos, controlados eletronicamente, que servem para controlar o fluxo de veículos e pedestres.
– Sinalização de Obras: São muito semelhantes às de sinalização de advertência. As diferenças são: o fundo alaranjado e o caráter temporário, sempre relacionado à realização de obras na pista.
– Gestos de agentes da autoridade de trânsito: Sempre que a sinalização for efetuada pelo agente, esta tem prioridade sobre as demais.
– Gestos de condutores: São sinais auxiliares, indicativos de manobras.
– Sinais sonoros: São os apitos do policial de trânsito.
Os agentes do
Renainf estão de olho.
Para terminar, dados do Registro Nacional de Infrações de Trânsito, Renainf, coordenado pelo Departamento Nacional de Trânsito, Denatran, indicam que o excesso de velocidade é a infração mais cometida pelos “motoristas” quando fora do estado de emplacamento do veículo, e o consumo de drogas quando dentro das cidades.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ligada a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 35 mil pessoas morrem a cada ano nas ruas e estradas brasileiras.