É preocupante a situação do transporte público e individual e da mobilidade urbana em todo o Brasil. Autoridades no assunto recomendam a todos os condutores de veículos automotores que sempre dirijam com cuidado, respeitem as leis de trânsito, não bebam, não matem e não morram. Antes de qualquer viagem, façam uma Oração Ecumênica, pedindo a proteção e a inspiração do seu Anjo da Guarda para ajudar a conduzir a viagem com tranquilidade.
Se existe uma combinação que nunca dá certo, ela é álcool e direção. Mesmo pequenas quantidades afetam a habilidade de direção dos motoristas: perigos como reações mais lentas do que o normal e a falta de noção quanto à velocidade do próprio carro e de outros veículos podem ser causas de acidentes fatais. O número de mortos e mutilados só faz crescer no país, os números do Ministério da Saúde mostram isso.
Entre 1997 e 1999, as mortes em acidentes terrestres estavam caindo, mas voltaram a crescer a partir de 2000, chegando a mais de 37 mil em 2007, segundo informações do SUS (Sistema Único de Saúde).
Ao contrário dos países desenvolvidos, no Brasil, a quantidade de fatalidades em acidentes de trânsito cresceu de 2000 a 2007.
"O modelo de transporte individual em veículo de quatro rodas com motor de explosão está condenado. A solução é investimento em transporte coletivo de qualidade", prevê Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP (Universidade de São Paulo).
Em 2008, a movimentação das pessoas em veículos motorizados foi calculada com um custo anual de cerca de R$ 6,8 bilhões associado à poluição atmosférica. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), por exemplo, desenvolve rotineiramente a fiscalização da emissão excessiva de fumaça preta (partículas de carbono elementar), oriundas dos veículos automotores a óleo diesel, o que configura infração ambiental.
Como forma de estimular o uso moderado do carro, várias cidades no mundo adotam diversas medidas de desincentivo à utilização dos automóveis particulares durante os deslocamentos diários, priorizando o transporte coletivo e o não motorizado, fazendo o trânsito fluir melhor nas cidades. O aumento do preço e a redução do tempo das vagas de estacionamento é uma das sugestões feitas no documento "Boas práticas de mobilidade urbana no Recife-PE". A medida é lógica, mas perversa. Só atingiria os usuários de menor poder aquisitivo.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), há uma tendência na opção de transporte entre os níveis de escolaridade: quanto mais alto o grau de formação, mais o meio de transporte carro é utilizado.
Análise de 2002 da Confederação Nacional do Transporte, "os automóveis levam 20% dos passageiros, mas ocupam 60% das vias, enquanto os ônibus que transportam 70% dos passageiros ocupam 25% do espaço viário nas grandes cidades brasileiras".
Nas grandes cidades, é preciso priorizar o pedestre, colocando em prática conceitos como o de mobilidade urbana sustentável. Para isso, são ações importantes: identificar a necessidade de instalação de novos pontos de travessia nas diversas vias nas cidades; alargar as calçadas, para propiciar uma melhor e mais agradável mobilidade, inclusive dos cadeirantes; e melhorar a iluminação pública, promovendo uma melhor segurança ao caminhar.
Os efeitos da poluição ambiental nem sempre são percebidos em curto espaço de tempo, por tratar-se “de agressão de pequena monta ao organismo"; mas pode ser fatal quando o indivíduo se expõe a ela por longo espaço de tempo, alerta Paulo Saldiva. Usar a bicicleta como meio de transporte evita lançamento de mais poluição na atmosfera e garante benefícios ao organismo pela prática de exercício constante.
De acordo com o relatório "Estado das Cidades da América Latina e do Caribe", com base em 2012, "dois traços definem a mobilidade urbana na América Latina e no Caribe: em primeiro lugar, a importância do transporte público coletivo e das viagens a pé e de bicicleta; em segundo lugar, o fato de que essa região não é imune às tendências globais de um aumento significativo de motorização e o problema de congestionamentos". A questão é como lidar com esses fatos sem comprometer a saúde da população e a mobilidade urbana.