Todos os adultos estão a par dos malefícios do tabaco. Mas as crianças são as que mais sofrem com o nocivo fumo, e os riscos aumentam quando se trata de uma mulher que fuma durante a gravidez.
Problemas respiratórios, tensão arterial elevada, problemas cardíacos, cancro do pulmão ou da mama, problemas ginecológicos, isso nas mulheres, e diminuição do esperma nos homens, são apenas alguns dos horrores causados pelo tabaco. Na gravidez, esses sintomas são a dobrar, porque o fumo age ao mesmo tempo sobre a mãe e sobre a criança.
Quando a mãe fuma, o bebé também o faz, porque vai absorver as substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. Durante a amamentação, as substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas para o bebé também através do leite materno.
Durante a gestação a fumante cansa o coração do feto. Cada vez que fuma um cigarro, o coração da criança aumenta de ritmo de 5 para 40 batimentos cardíacos por minuto, apenas voltando ao normal 20 minutos depois.
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O fumo do tabaco diminui o apetite do feto e não permite um saudável aproveitamento dos alimentos, provocando subnutrição no bebê. Além disso, surgem problemas de calcificação da placenta que impedem as trocas normais entre mãe e filho.
A nicotina reduz o fluxo de sangue na placenta, comprimindo as artérias e vasos sanguíneos e diminuindo a quantidade de oxigénio e nutrientes que passam para o feto.
A criança nasce abaixo do tamanho normal: em média, 3,050 kg para os filhos de fumadoras, contra 3,250 kg para os de não-fumadoras, o que causa uma diminuição da resistência da criança.
Nas mulheres fumantes o índice de esterilidade alcança os 41% e os abortos espontâneos atingem entre 10% e 35%, conforme a quantidade diária de fumo. O tabaco é também um sério fator causador de hipoglicemia, provocando dores de cabeça e ansiedade.
As fumantes têm uma taxa de colesterol mais elevada que as não-fumantes, o que é um fator importante de arterosclerose, condição incompatível com o esforço necessário para o parto.
A somar a tudo isto, o fumo decompõe a vitamina C, essencial ao organismo humano. Quando a vitamina C não está presente para eliminar o ácido láctico, há um aumento considerável da fadiga muscular. Mesmo a ingestão de quantidades elevadas de vitamina C (1 grama por dia) não chega a compensar as perdas decorrentes do uso do tabaco.
O uso do cigarro pode também reduzir a quantidade de leite segregada pela mãe durante a amamentação e a nicotina é transmitida ao bebé pelo leite materno.
São mal conhecidos os problemas hereditários que o tabaco pode causar. Muitas vezes, as consequências demoram anos para surgir. Muitas meninas que começam a fumar aos 13 anos de idade podem vir a apresentar problemas graves 15 anos mais tarde, quando se tornarem mães.
A mulher grávida nunca deveria fumar porque o tabaco, tal como o álcool, é uma das principais causas de aborto, de prematuridade e de fraqueza da criança ao nascer.
Muitas mulheres percebem que a gravidez é a motivação que faltava para parar de fumar. No entanto, não é recomendável parar de fumar bruscamente durante a gravidez, porque quando isso acontece, ocorre um processo de ‘limpeza’ pelo organismo. A nicotina acumulada durante anos nos pulmões é libertada na corrente sanguínea antes de ser eliminada, o que prejudica bastante o feto. O melhor será deixar de fumar seis meses antes de conceber um filho ou idealmente um ano antes.
O tabaco perturba todas as funções do organismo e quando uma mulher grávida fuma, significa que está diminuindo as possibilidades de vida da criança desde a sua concepção, privando-a do principal elemento de que necessita para se desenvolver: o oxigénio. Esta tendência da mãe fumante significa também que a criança terá mais predisposição para se tornar igualmente uma fumante.
Mesmo que não fume, uma gestante que esteja exposta ao fumo de outros fumantes acaba por apresentar os mesmos níveis de nicotina no sangue que os restantes. No Japão,por exemplo, existe uma lei que proíbe qualquer pessoa de fumar no local onde esteja uma mulher grávida.
Estudo confirma associação
entre cigarro e o risco de aborto
Embora as mulheres sejam aconselhadas a parar de fumar antes de engravidarem, muitas permanecem fumando na gestação, colocando em risco a saúde do bebê.
Nessa linha, um novo estudo realizado no Japão com 1,3 mil mulheres que já passaram pela gravidez aponta que fumar excessivamente no início da gestação pode mais que dobrar os riscos de sofrer um aborto no primeiro trimestre de gravidez. Além disso, segundo os autores, o tabagismo é associado ao parto prematuro e ao baixo peso do bebê ao nascer.
Publicado na edição de dezembro de 2010 da revista Human Reproduction, o estudo da Universidade de Osaka mostrou que, entre as 430 mulheres que sofreram um aborto no primeiro trimestre de gestação, 7% fumava pelo menos 20 cigarros por dia; contra apenas 4% das mulheres que tiveram seu bebê normalmente.
De acordo com os autores, isso significa que aquelas que fumavam muito na gestação tinham mais de duas vezes mais chances de sofrerem um aborto, comparadas às grávidas não fumantes.
Os pesquisadores destacam que a maioria dos abortos ocorre nas primeiras oito semanas de gestação e, principalmente, por causa de uma variedade de anormalidades genéticas que não podem ser evitadas. Entretanto, certos hábitos podem estar associados com um aumento do risco de morte do feto, incluindo o consumo de álcool em excesso, uso de drogas e o tabagismo.
Embora os resultados do novo estudo não comprovem que o cigarro seja a razão principal para o aumento do risco de aborto, os pesquisadores destacam que essa relação permaneceu significativa quando foram considerados os hábitos de consumo de álcool das voluntárias e seu histórico de abortos anteriores.
Por isso, o estudo fortalece as recomendações para que as mulheres abandonem o cigarro enquanto estão tentando engravidar, ou imediatamente quando descobrem que estão esperando um filho.
PELA VIDA CONTINUA